quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O ritmo vertiginoso da Vida.

Hoje, acordei a pensar que, caso tivesse nascido no início do século XX, imaginemos em 1900, como é que seria a minha vida. Não estou a falar aqui em coisas concretas, ou seja se já teria filhos, como seria a minha casa ou de outras coisas assim. Estamos a falar das miudezas da vida, ou seja aquelas coisas que damos por adquirido sem pensar muito nelas. Se eu vivesse em 1930, provavelmente não teria televisão e não teria, de todo, computador.  Ou seja, os meus hábitos matinais desapareceriam. Com sorte, saberia ler e entretinha-me com um jornal. 
Ora, é na palavra entreter que está  o verdadeiro busílis da questão. Entreter é nossa vida. Vivemos rodeados de entretenimento: televisão com 115 canais, computador, iphone, ipad, Playsation, X- Box... Nós vivemos em busca de entretenimento. E justificamos a nossa busca com palavras tão sérias como trabalho "preciso disto para trabalhar" quando a verdadeira razão é: preciso disto para viver.  Nós precisamos das coisas para viver e já não sabemos viver sem nos entreter. Reparem, não estou aqui a fazer qualquer crítica: estou a escrever-vos  num computador e esta manhã já fui ao facebook,  vi o email e todas estas coisas necessárias para trabalhar apesar de hoje estar de férias.
E percebi que não me consigo desligar. Procuro sempre a notícia para estar informada. Hoje é o Pingo Doce. Ontem foram assassinatos. Anteontem a Moody's atreveu-se a baixar as classificações de alguns países europeus. E outra vez, o Pingo Doce e as suas promoções.
O ritmo acelera e apanha-nos no meio. E o que fizemos com todas estas informações? Nada. E teríamos tempo para isso? Não. É impossível  correr para apanhar um comboio de tão alta velocidade. Ficamos perdidos, massacrados e ultrapassados por toda esta velocidade vertiginosa que se abate sobre nós.
E é por isso que hoje decidi tirar um dia Bom. Vou à biblioteca  buscar livros, grandes e complexos, de preferência com alguma história de amor! E não vou ligar a televisão. Vou esperar que o meu cérebro desacelere, vou fingir que não existe net e que o facebook  também não.Vou pensar sem querer obter uma resposta imediata. Será ainda possível? Será possível desacelerar e saborear este magnífico sol e mar que o mês de Agosto me dá? Vou descobrir. Hoje, a partir de agora. 
E por isso, vou presentear-me com um dia bom! 

O jogo da vida é rápido, omnívoro, devorando a atenção e não deixando um momento de pausa permitindo o pensamento e a concepção de propósitos mais elaborados.

Zygmunt Bauman,A Vida Fragmentada.

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