segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O amigo que é Ex, o Ex que é amigo

Dizia-me a minha mãe no outro dia:" A minha geração está a ficar parva como a tua! Agora são todos amigos!". Contava-me a minha mãe que uma sua amiga se tinha divorciado mas, apesar do divórcio, garantia que tinha ficado amiga do seu ex, e até lhe passava a roupa e tudo, não obstante o dito cujo já ter outra namorada. Mas estava tudo bem porque são todos amigos.Ora a minha mãe recusa-se a aceitar estas parvoíces.. E repetiu-me vezes se conta: "Homem que foi marido não serve para amigo." entre cruzado com " A tua geração é parva".
Ora, eu concordo com minha mamã. Primeiro porque me facilita a vida, já percebi que não a  vale discutir com a senhora: perco sempre. Depois porque também me mete muita confusão estas coisas desordenadas: o amigo que é ex, o ex que é amigo, ser amiga da namorada do ex, etc etc.. Não, isso não dá para mim.Porque se há coisa que não é razoável é o Amor.E não se pode quantificar nem qualificar. Quando há filhos à mistura,até  se compreende: é para o bem dos putos, há que engolir sapos. Agora se assim não for, , porquê ficar amigo/a de alguém de quem gostámos, de quem nos entregámos, e com quem, obviamente, sofremos um desgosto?
Não acredito na razão sobre a emoção. Gostámos, fica sempre qualquer coisa.Nem que sejam as más memórias ou as parvoíces: fica sempre qualquer coisa. E depois trazemos gente a mais para uma nova relação: olha este é o meu ex. Ah, esta é a tua! Boa, somos todos amigos.
Não, não funciona assim. O passado tem de ser limpo e arrumado. Multitasks no amor dá em confusão. E ninguém gosta de ter de ir jantar com a/o ex e o novo / a namorado/a.. Nem de saber que o nosso mais que tudo está a beber café com o/a ex. Na boa, são amigos!
Admito casos excepcionais, mas um em um milhão. Não, desculpem, um em um bilião.
Até lá estamos todos armados em modernos. Estamos todos parvos!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Desculpe mas não quero!

Já vos aconteceu gritarem: Desculpe mas não quero? Creio que sim. A mim acontece-me inúmeras vezes. Até me sinto mal por não querer ou não poder comprar. Sinto-me muitas vezes pressionada para comprar porque a senhora até é simpática. Ou rapaz, coitadito, se eu não comprar fica triste. E a rapariga que me telefonou até parecia ser gentil. 
A empatia que se estabelece com as pessoas que nos estão a tentar vender coisas é tramada. E a nossa boa educação faz-nos sentir mal quando fugimos dos Srºs   do Barclays no hipermercado: "Desculpe mas não quero esse cartão com taxas abusadoras. Peço muita mas muita desculpa  Perdoe-me". Sentimo- nos   horríveis quando nos ligam dos bancos para nos fazerem mais um seguro que não precisamos: " Lamento muito muito, mas não quero. Mas lamento muito". E quando é um amigo que nos quer meter num negócio qualquer aí apetece-nos emigrar.Como dizer que não?
A nossa boa educação faz-nos temer o inferno se não comprarmos, se formos mal educados. Há algo que nos diz que não custa nada, mas mesmo nada subscrever aquele seguro/ contrato  etc. Não nos custa nada fazer esse favor.E de favor em favor, ficamos endividados e sem saber o que fazer.
Os portugueses não consomem demais não. Os portugueses são é muito bem educados!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Churchill

Estamos quase, quase a perder as estribeiras. Furiosos, irritados, apáticos ou revolucionários estamos todos no limite da paciência.É verdade que alguma coisa tinha de mudar neste país azul mas com mentalidade cinzenta.  A ordem " natural " das coisas tinha de ser abalada.Isto de se estudar e depois ter um bom emprego é coisa do passado.  O que é novo é que se estudar e depois ter um mau emprego também é coisa do passado.Agora o in é não ter emprego nenhum. Há tanta gente IN.
O problema grave, muito grave é que não temos um Churchill por cá. Ninguém com sentido de humor e amor pela pátria. E pouca predisposição para a subserviência a  Alemães e "coisa" do género.Precisamos de uma boa piada na altura certa, uma magnífica cachimbada e muito sentido patriótico. Ressalva: também não gosto assim tanto de Ingleses. O mapa cor-de-rosa ainda me faz espécie, não perdoei!
Mas do Churchill gosto. De um homem que amava a cultura. Que tinha sido jornalista. Que escrevia bem. Que era insubmisso. Que não entrava em jogatanas nem em acordos.Que fez Hitler em frangalhos, contra todas as probabilidades.Precisamos de um Churchill para caminhar neste início de inferno onde nos estamos a meter. Que a União Europeia vai falir, isso é certo. E nos momentos de desespero, precisamos de um líder que nos diga para continuarmos a atravessar este inferno, porque o que está no fim da linha vale a pena: cultura, poesia, amor, democracia, direitos iguais, um país livre e soberano.
Precisamos desesperadamente de um Churchill. Onde é que podemos encomendar um, se faz favor?

Never, never, never give up.!
Chrchill, who else?

Winston Churchill
 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Jonet e os "Outros"

Não há sustentabilidade a nível da Europa, temos de aprender a viver com pouco, os meus filhos lavam os dentes num copo de vidro, temos de optar entre entre um concerto de rock e uma radiografia... Jonet dixit. Só falta acrescentar esta é uma "crise de valores".
O que é Jonet? Uma Choné. Uma propagandista  de uma certa filosofia em que não somos todos iguais, gastámos demais ( quem gastou??)e estamos a viver acima das possibilidades.
Por isso não temos direito a uma radiografia paga pelo Estado Social e não podemos ir a um concerto de rock, ou os nossos filhos não podem.Os filhos de Jonet vão? Aposto que sim.
Então para que serve o Estado Social? Para que servem os nossos impostos se nem temos direito a ir ver um concerto? Mas o Rock em Rio não é para Um Mundo Melhor e a Câmara de Lisboa não o patrocina? E se o concerto tiver sido agendado por uma empresa não devemos ir vê-lo, contribuindo assim para fluxo de dinheiro e reanimação da economia?Não, temos de pagar a radiografia. De preferência com o seguro de saúde da Médis ou outra coisa assim.
Jonet e outros estão muito felizes com esta crise, não tenho a menor dúvida. Assim fica cada um no seu lugar, uma certa gente aprende a se comportar e a educar os seus filhos: Não podes ir ao concerto porque o Estado Social não paga a minha radiografia. Filho, somos pobres habitua-te. Estende a mão às senhoras que fazem caridadezinha.
Jonet é o espelho desta política desigual e oportunista. Desta política insensível ao outro. Jonet e estes políticos são as pessoas que estão na janela sorrindo ao pobre, sentindo-se caridosas.  E estão felizes, muito felizes porque sabem que o pobre é criação sua, uma sociedade perfeita em que cada qual fala apenas com o seu igual. E o mal dos outros assenta-nos tão bem, somos tão caridosos.Agora deixem-me arranjar, pôr os brincos de diamantes e o vestido de noite porque tenho a gala dos pobres no casino do Estoril!


" A solidariedade converte em direito o que a caridade dá como favor. "

José Ingenerius.


Dar, caridade

sábado, 3 de novembro de 2012

Carta Aberta à Insensibilidade






Vivemos tempos terríveis, absolutamente terríveis. Desemprego, miséria, aflição, desnorte. Poderia ser esta frase a abertura de um programa do Artur Albarran, mas não é. O medo, o caos e a tragédia caem sobre nós.Não há emprego, não há dinheiro, não há ambição, não há futuro.  Este é o estado da nação.
Mas o que me doí mais a alma é a estupidez constante de muitas pessoas. É a política baixa, o insulto constante, o recordar de um passado como justificação de um futuro. As políticas estão todas erradas, isso já sabemos. Mas andar constantemente a dizer que a culpa é do Sócrates, do Soares, do Cavaco, do Salazar e da dinastia de Bragança é estúpido, estúpido, estúpido.Posso não simpatizar com o D. João VI, mas o ouro do Brasil já está velho para levar com as culpas.
Toda a gente sabe que a história nos ensina coisas mas, muitas vezes, a história não nos ensina nada. E não ensina a ultrapassar este crise sem precedentes, sem respostas e sem sentido.
O país não aguenta mais austeridade, ai não aguenta,  não aguenta. Mas sobretudo o que este país não aguenta é a falta de compaixão.A falta de compaixão por uma menina de 5 anos que foi impedida de comer na escola. A falta de compaixão pelo trolha que não consegue trabalho. A falta de compaixão por licenciados em  cursos que não dão, na actualidade, colocação profissional. A falta de compaixão por quem perde uma casa, muitas vezes quase paga aos bancos, e não tem para onde levar a família. A falta de compaixão pelos ciganos sem perceber as dores de muitas daqueles mulheres e homens e do que é pertencer e não poder fugir a uma comunidade. A falta de compaixão pelo seu próximo.
Este é o drama e a tragédia de um país que aceita que se corte 10% ao subsídio de desemprego dos mais pobres e não dos mais ricos. De quem aceita que se dê de volta a pensão de pessoas que descontaram toda a vida. Dar de volta o quê? O que é delas?
Este é o drama de um país que acha que os deputados são mal pagos. Este é o drama de um país que exporta os seus jovens, os melhores.
Este é o drama do meu país. E é provável que quando eu voltar a escrever, já não exista país nenhum para falar.Porque a estupidez deve ter ganho a batalha!