sábado, 3 de novembro de 2012

Carta Aberta à Insensibilidade






Vivemos tempos terríveis, absolutamente terríveis. Desemprego, miséria, aflição, desnorte. Poderia ser esta frase a abertura de um programa do Artur Albarran, mas não é. O medo, o caos e a tragédia caem sobre nós.Não há emprego, não há dinheiro, não há ambição, não há futuro.  Este é o estado da nação.
Mas o que me doí mais a alma é a estupidez constante de muitas pessoas. É a política baixa, o insulto constante, o recordar de um passado como justificação de um futuro. As políticas estão todas erradas, isso já sabemos. Mas andar constantemente a dizer que a culpa é do Sócrates, do Soares, do Cavaco, do Salazar e da dinastia de Bragança é estúpido, estúpido, estúpido.Posso não simpatizar com o D. João VI, mas o ouro do Brasil já está velho para levar com as culpas.
Toda a gente sabe que a história nos ensina coisas mas, muitas vezes, a história não nos ensina nada. E não ensina a ultrapassar este crise sem precedentes, sem respostas e sem sentido.
O país não aguenta mais austeridade, ai não aguenta,  não aguenta. Mas sobretudo o que este país não aguenta é a falta de compaixão.A falta de compaixão por uma menina de 5 anos que foi impedida de comer na escola. A falta de compaixão pelo trolha que não consegue trabalho. A falta de compaixão por licenciados em  cursos que não dão, na actualidade, colocação profissional. A falta de compaixão por quem perde uma casa, muitas vezes quase paga aos bancos, e não tem para onde levar a família. A falta de compaixão pelos ciganos sem perceber as dores de muitas daqueles mulheres e homens e do que é pertencer e não poder fugir a uma comunidade. A falta de compaixão pelo seu próximo.
Este é o drama e a tragédia de um país que aceita que se corte 10% ao subsídio de desemprego dos mais pobres e não dos mais ricos. De quem aceita que se dê de volta a pensão de pessoas que descontaram toda a vida. Dar de volta o quê? O que é delas?
Este é o drama de um país que acha que os deputados são mal pagos. Este é o drama de um país que exporta os seus jovens, os melhores.
Este é o drama do meu país. E é provável que quando eu voltar a escrever, já não exista país nenhum para falar.Porque a estupidez deve ter ganho a batalha!

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