domingo, 6 de janeiro de 2013

A felicidade não deveria fazer parte do orçamento do Estado?


O que é a felicidade? Esta pergunta tem-me atormentado nos últimos dias, o que não é sinónimo de coisa muito feliz. Estou verdadeiramente preocupada com a felicidade, o que é muito diferente de ser feliz. Ser feliz é uma série de bajulações pensadas para preencher a nossa vida: para ser feliz preciso de dinheiro, saúde, casa e outras coisas que tal. Ser feliz é ser quantitativo: toda a gente sabe o que precisa para ser feliz ou pensa que sabe.
Mas a felicidade é outra coisa. Felicidade é um conceito global, em que precisamos de um grupo que o partilhe para existir. A felicidade é colectiva e partilhada;  ser feliz é único e individualista.
Há pessoas que para serem felizes não precisam que os outros o sejam. Existem até pessoas que preferem que os outros não o sejam. Assim, provam a sua superioridade, a sua magnificência, a sua " competitividade".Todos nós conhecemos algumas destas pessoas, não é?
Mas a grande maioria da humanidade é tanto mais feliz quanto os outros sejam felizes. Chama-se partilha, bom coração, essas coisas que o PIB não quantifica. Porque o PIB não é mais do que isto: a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um período determinado. Ou seja, o  Produto Interno Bruto.PIB.
Então onde fica a cultura, o meio ambiente, ou a boa governação? O PIB garante um desenvolvimento social e económico igualitário? Se olharmos atentamente para Portugal em 2013, e ainda estamos só em dia 6, a resposta é... Não! O PIB mede-se sem olhar se os pobres recebem menos, sem olhar a cortes cegos, sem medir a tristeza e o desespero  que já chegou a muitas famílias e indivíduos neste pais. O PIB só mede e portanto se existirem mais ricos que pobres (não importa como) o PIB de um país é mais rico. E como esses pobres vivem é problema deles, o PIB não quer saber. E então está tudo bem! Só que não está tudo bem, pois não?
Um país devia medir-se, para além da troca de bens e serviços, pela promoção de um desenvolvimento socio-económico sustentável e igualitário,preservação e promoção dos valores culturais,conservação do meio ambiente natural e Estabelecimento de uma boa governança. E a estes quatro valores chamamos FIB: Felicidade Interna Bruta. Aplicada no Butão, que erradicou o PIB e introduziu o FIB, este país demonstra que é o conjunto destas coisas que importa, mais que números finais.Resultado: este é o país mais feliz do mundo, com níveis de bem- estar elevados. Não têm tantos bens como nós, é certo, mas são mais felizes.Porque confiam nos políticos, porque reconhecem a sua cultura, porque estão em comunhão com a natureza. E afinal o que importa ter mais tvs, mais coisas e não ser feliz?  Não sabemos como vamos continuar a consumir e por isso ficamos mais tristes? E ficamos mais felizes quando temos mais que o vizinho e por isso temos medo dele e nos fechamos em condomínios privados, com piscinas e seguranças? É este o mundo onde queremos viver?
Está na altura de alguém apresentar ao Gaspar o FIB. E aposto se este o aplicar vamos ter um país mais feliz e, quem sabe, o PIB aumenta. Tal como no Butão.
Então, estamos preparados para a Felicidade?



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