quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Fernando Pessoa ou a (In)Glória de ser Português!

Quem é este homem estudado nos nossos livros da escola a quem a minha horrível professora de português descreveu como o" poeta que morreu de cirrose"? Amado por muitos, Fernando Pessoa não teve a consideração em vida que  a sua mente genial deveria ter tido. Homem de paixões, provavelmente esquizofrénico mas de uma lucidez sobre o mundo que mais ninguém teve ou tem, Fernando Pessoa transformou-se em muitos  outros que mais não eram que a essência de se ser Português: a multipluridade do que somos, as culturas que abrangemos e a capacidade de ser absolutamente bom ou tremendamente mau.
O que me espanta em Pessoa é a sua capacidade para o sofrimento: genial mas enfiado num escritório de contabilidade, aturando muita gente idiota que ocupava cargos acima de si. Portugal de ontem e Portugal de hoje: os piores a ocuparem cargos e regalias, os melhores a ocuparem sonhos e subjugações.
E, mesmo assim, mesmo sem lhe deitarem rosas a cada poema que escrevia, sem lhe baterem palmas de cada vez que saia à rua, recusando-lhe o cargo de director do Museu de Cascais por não ter capacidades ( o que seria esse museu, só imaginando...), Fernando escreveu o poema mais arrepiante sobre Portugal, carregado de beleza, magia e grandiosidade.  E isto faz-me  pensar que ser Português é a inglória dos geniais ou será que Portugal merece ser amado por aqueles que maltrata mas que ainda sonham por um Portugal  que se cumpra?Talvez Deus queira, o homem sonhe e a obra nasça, contra ventos e tempestades, contra as injustiças, contra as mesquinhezes que nos proíbem de ser mais do que somos.É uma pena, porque falta cumprir-se Portugal!

Deus quere, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagroute, e foste desvendando a espuma,


E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.


Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!


Fermnado Pessoa, O Infante,  Mensagem

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