sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A Tortura do Dia dos Namorados.

A nossa forma de estar na vida alterou-se, dramaticamente, no século XX. Os direitos que as mulheres adquiriram, mudaram completamente as relações humanas construídas ao longo de séculos de História. Os papéis que cada sexo desempenha transformaram-se de tal maneira que, muitas vezes, temos conflitos entre o que nos foi ensinado e o que podemos fazer. Muito ainda há que caminhar nas igualdades, porque a Europa é um oásis no que toca a direitos humanos. Mas, velhas formas de conduta, não desaparecem de um dia para o outro. Na História, quando algo é imutável, chamamos-lhe a  Lei da Persistência dos Planos. Esta lei explica que nós, seres humanos, temos tendência a ocupar o que já foi ocupado, a repetir o que nos foi ensinado e a ter comportamentos iguais aos nossos antepassados. O dia dos namorados nada mais é que a aplicação desta lei. O que está subjacente ao dia dos namorados é a imutabilidade do pensamento que séculos de modos de vida tornaram presente: Ter que ter alguém. Ter de construir uma família. Ser feliz no amor. Estas obrigações que impomos a todos nós, em nome da felicidade ou apenas para a preservação da espécie humana, é tão enraizada que temos de a celebrar. E celebramos com rituais como o casamento, o noivado e o dia dos namorados. Enquanto os dois primeiros são, quase sempre, uma escolha voluntária dos apaixonados, o dia dos namorados é uma ritualização obsessiva da felicidade amorosa. E é impossível escapar porque não só o comércio se apropriou, e bem, desse dia, como todos nós de alguma forma ou de outra nos lembramos dele. Ou porque o desprezamos e fazemos questão de o dizer, ou porque o amamos e fazemos questão de o celebrar.
Mas, no fundo, é uma obrigação de uma sociedade que ainda pretende manter velhos ritos e velhas normas. O que no íntimo pensamos é que estar sozinho é mau e sinónimo de algum defeito, e estar com alguém é bom e garantia de felicidade. Sabemos perfeitamente que, muitas vezes, assim não é. Mas os rituais persistem, mantém-se e alimentam-se de sentimentos tão variados como o amor, a inveja, a obsessão ou a tristeza. E para muitas pessoas o dia dos namorados é tudo isso.
Portanto, se estiver sozinho/a neste dia, aguente que vai passar. E se estiver acompanhado aguente também que vai passar. Porque é só um dia, bom ou mau, é só mais um dia. Será a soma dos nossos dias, no fim, que nos revelará como foi a nossa vida. Com ou sem "alma gémea", com ou sem rituais, o que importará foi o demos de bom aos outros e os outros a nós.E isso é Amor.
Feliz Dia dos Namorados!

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