Adoro uma boa história. Seja num filme, num livro ou na
vida. Adoro uma boa história e, se bem contada, é um dos melhores prazeres da
vida. Uma história não tem de ser necessariamente verdadeira nem
necessariamente falsa, tem apenas de ser boa.
E o que é uma boa história? É aquela que nos entretém.
Aquela que nos provoca emoções, que nos faz rir ou chorar, aquela que nos faz
pensar nela muitas e muitas vezes.
Adoro pessoas que têm histórias ou capacidade de contar bem
as suas histórias. E é um hábito que se vai perdendo. Ainda há 50 anos,
percorriam as aldeias deste país homens cuja profissão era, nem mais nem menos,
que contar histórias. Contador de histórias, esta era a sua forma de viver. E o
povo reunia-se e ouvia aquele homem contar histórias de gente que eles não conheciam,
de lugares que nunca viram, de cheiros e de cores tantas e tão diferentes, que
a história os tirava do seu mundo e lhes dava muitos outros, tão maiores, tão
bonitos ou feios, mas tão longe do seu mundo. E dava aos homens que a ouviam e
ao homem que a contava, capacidade de sonhar.
Hoje perderam-se os sonhos e a magia. A televisão trouxe-nos
factos e histórias da vida privada, tão chatas e tão mal contadas que o povo
vai entretido mas não sonhador. E a televisão não conta histórias dos marinheiros,
das prostitutas, dos ricos e dos pobres em forma de lenda e sonho.
A televisão só nos dá pequenas intrigas e muito barulho que,
como dizia o Shakesperare, é muito barulho por nada.
E de nada em nada perdem-se as histórias, a magia e o
encantamento que a palavra contada nos traz.
Neste tempo de incertezas, preciso de magia, encanto e
lenda. Preciso de uma boa história.
Tenho saudades de histórias. Contas-me uma?
Sem comentários:
Enviar um comentário