Detesto o mês de Abril por uma razão muito prática: nunca
sei o que hei-de vestir. Começa a ficar um tempo mais agradável, mas ainda não
se pode usar alças. As camisolas até podem saber bem, mas já nem conseguimos
olhar para elas. A roupa de inverno é mais escura e apetece-nos usar coisas
mais claras. As botas já começam a ficar
quentes nos pés e ainda está muito frio para sandálias.
O sol brilha diretamente na minha cara branca e com
olheiras. Se puser muita base já se nota, se sair assim para a rua sou a prima direita do
fantasminha.
As lojas apresentam a nova coleção, a minha carteira
apresenta-me revolta e ingratidão.
Reciclar já deu, não vai dar mais. O casaco preto já é cinzento, o
branco já é creme.
Ainda não consigo me enfiar no 38 (pois é, não desisti da dieta),
o 38 ri-se da perspectiva de colocar um biquíni
Há poucas coisas que me dão pesadelos, suores frios e angústia, mas usar um biquíni é uma delas.
O mundo fica mais bonito, mas eu fico mais feia.
Odeio Abril, odeio-me em Abril. Podemos passar já para Agosto
onde ficamos todos morenos, saudáveis e aparentemente felizes?
Creio que não, por isso vou dedicar um poema a Abril, na
esperança que me ouça e me dê coisas boas, que de más já basta o Gaspar.
Abril.
Abril de mágoas mil
Não tragas águas,
Não sejas viril.
Abril abençoado
Traz-me festas,
Já chega de fado.
Abril do meu coração,
Traz-me vestidos
E um novo roupão.
Abril endiabrado,
Traz-me dinheiro
E um namorado!
E é tudo por hoje! Beijinhos.
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