quarta-feira, 27 de março de 2013

Portugal.

Está a chover há uma semana  e estamos todos fartos de chuva. As redes sociais só falam  da chuva e de como era simpático se o sol aparecesse.  Porque o sol tem o hábito de aparecer por cá, neste país de que estamos sempre a dizer mal e a comparar com os  países "civilizados": Alemanha, Suécia, Finlândia,  esses "outros" onde todos gostávamos de viver porque são "maravilhosos", porque "lá" tudo funciona não é como "cá".
E, de facto, este país caminha a passos largos para o abismo, um abismo tão profundo que quando de lá sairmos vamos ser tão poucos que nem sei se ainda  existe e se é o mesmo país outrora chamado de Portucale.
Mas quando chove, todos  os portugueses esperam e desesperam pelo sol, e poucos se lembram de que nesses países "civilizados" o tempo é de uma tristeza infinita e que a vida tem um ritmo soturno, com hábitos de vida interiores, onde a chuva é constante e o sol um bem tão raro que quando aparece é festejado como  se de uma divindade se tratasse.
Pode não ser muito, mas ter este tempo é uma benção que só damos conta quando não pára de chover, quando os nossos hábitos se alteram, quando vivemos "à Sueco", "à Alemão" ou "à Finlandês".
E lembro-me sempre da minha história quando depois de ter perdido um voo na Finlândia de regresso a Portugal, e de ter sentido na pele as saudades de tudo o que é caos, trânsito e comentários típicos portugueses, e mesmo assim  refilar porque em Portugal nada funcionava, um português me disse: "o que é triste é que nós podemos ter tudo o que eles têm e eles nunca terão o tempo que nós temos."
E tão verdade que doí. Doí não termos os políticos que nos levam à prosperidade, doí-nos esta subserviência moral aos países "civilizados", doí-nos e destrói-e-nos este tão pouco quando podíamos ser tão mais. Porque nós podemos ter tudo, eles nunca terão um clima ameno, um sol que nos banha a costa e o nosso café.
Por isso, e até ser obrigada a partir para os tais  países civilizados, digo como Dino Meira, que vale mais um mês aqui que um ano inteiro lá. E acrescento que vale mais a vida aqui, que a prosperidade  toda de lá.











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