terça-feira, 2 de julho de 2013

Prevejo que as previsões acabaram



Ontem foi embora o Gaspar, no dia 1 de Julho de 2013, ano da graça do Senhor. Daqui a 5 anos já ninguém deve saber quem é o Gaspar, portanto eu escrevo para a posteridade que era um senhor com uma voz muito chata, ministro das finanças, que não fora eleito coisíssima nenhuma, como o próprio afirmou. Victor Gaspar é um técnico com umas técnicas tão chatas que foram tecnicamente impossíveis de executar e ouvir.  Eu, como sou teimosa, comecei a pensar porque é que nada, de há uns largos anos para cá, dá certo. E a resposta é: porque as previsões acabaram, ou seja nada se pode prever porque já nada é previsível. Há quem chame a esta teoria a teoria do caos o que significa que certos resultados são causados pela acção e a interacção de elementos de forma praticamente aleatória. E se são aleatórios são imprevisíveis. Era isto que Gaspar queria dizer quando falou do mau tempo em Portugal: foi um caos tão grande que as previsões outrora previsíveis foram totalmente imprevistas. Gaspar afinal é um técnico altamente especializado na teoria do caos.
O mundo mudou. Se nos anos 80 o futuro era risonho com permanentes assustadoras e níveis de crescimento tão abundantes como os chumaços que toda a gente usava,  o novo milénio trouxe de volta a triste realidade de que pouco se controla e prevê-se que assim continue.
Mas eu prevejo que com estes aumentos de impostos, com sindicatos que não respondem às inquietações das novas gerações mas propagam sempre a mesma lengalenga, com estas políticas que têm levado a Alemanha ao enriquecimento e nós ao empobrecimento, a situação vai que já é má ainda vai piorar. É só uma previsão, não mais do que isso.  Claro, que posso dizer tudo isto de forma mais “científica”,  ou seja que como prevê o Banco de Portugal a " prossecução do ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos permanecerá como uma importante condicionante da evolução da procura interna", o que quer dizer que " nós não sabemos o que vai acontecer porque se vocês comprarem a economia sobe, mas como vos estamos a esfolar vocês não vão ter dinheiro e a economia desce".
E também prevejo que Sun Tzu, o homem que escreveu que se sabe quem ganha a guerra sem lutar, só através da estratégia, deve estar muito zangado com Gaspar. Afinal Sun Tzu também aconselhava  que quem não  conhecia as condições geográficas perdia a guerra. Foi o que faltou a Gaspar: um noticiário meteorológico sempre actualizado.
Porque eu prevejo que é preciso sair dos gabinetes e ir á rua comprar leite  numa pequena loja e comparar com os preços de um supermercado, e verificar quem ficou com a margem de lucro. E eu prevejo que sem um bom choque de realidade, de entender o terreno europeu onde se pisa, a desgraça continue. Que se percam todas as batalhas desta guerra. Mas é só uma previsão, que espero que falhe, como têm falhado todas as outras.

Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível.
Sun Tzu

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