quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Foste traído? A culpa é tua.

Se há tema que nos apaixona, é o amor. Se há tema que nos arrepia, é a traição. Existem tantos tipos de traição (entre amigos, nos negócios, na vida do dia-a-dia), que quase me atrevo a dizer que para trair e ser traído basta estar vivo. Mas o tipo de traição que eu quero aqui discutir é a traição amorosa. Durante muitos anos li quase todas as revistas femininas, frequentei muitos cabeleireiros e ouvi muitas conversas para chegar à seguinte conclusão: em Portugal, quiçá no Mundo, a culpa da traição é do traído. Just simple as that!
Porquê? Bem, porque como qualquer amiga(o) vos dirá, a traição ocorreu porque a relação já não estava bem, " já não comunicávamos", "não tínhamos tempo um para o outro", entre outras verdades. Se traíste, a culpa é do teu companheiro: não te ouviu, não fizeram planos, não investiram na relação . Se foste traído, a culpa é tua: não ouviste, não fizeram planos, não investiram na relação. E aqui está fórmula mágica para combater a traição: ouvir, falar, investir na relação, programas a dois. Também é possível ser-se traído ou traída porque não demos espaço ao outro, mas isso também só acontece porque a "comunicação" não foi  a correcta. Culpa, culpa, culpa. Explicações, tentativas de entender, de aceitar, de catalogar.  A traição é como o amor: ocorre de diversas maneiras, sem se esperar, sem hora marcada.
Conheço muito boa gente que ama o marido, a mulher, mas que não resiste aquele jogo da sedução que ocorre no trabalho, na noite, no facebook. E todos comunicam bem e amam-se, verdadeiramente. E também conheço quem tenha traído porque simplesmente teve oportunidade para isso: numa noite, numa viagem, com desconhecidos, com conhecidos.  Conheço traidores que traem porque gostam da sensação de risco, conheço pessoas para quem ser traído não é nada de mais, até defendendo que há coisas piores, e até quem aceite que o companheiro precise de aventuras para se sentir feliz. Numa sociedade machista como a nossa, a traição da mulher é vista como um crime, a do homem como uma constatação de virilidade Mas a minha geração já não aceita estas definições e a minha geração é igualitária no trair e ser traído.
Trair não significa não comunicar, trair não significa não ter uma relação estável. E podem-se tirar as conclusões que se quiserem menos uma: a traição só ocorre porque a relação não estava bem. A traição ocorre porque sim e porque não. Mas sobretudo a culpa não é partilhada, mas o perdão pode sê-lo.


Cometem-se muito mais traições por fraqueza do que em consequência de um forte  desejo de trair.

Rochefauld, François.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Ready, set, go!

Foi hoje. Hoje defendi a minha tese sobre Aldeias Abandonadas, Património Imaterial e Desenvolvimento Local; estudos de caso na Área Metropolitana de Lisboa. Longo título, longa tese. E muitos, muitos nervos hoje na apresentação. A voz tremeu, as mãos tremeram, tudo tremeu.Incrível como o ano de 2013 pode trazer tantas coisas boas como más: a doença do meu pai, uma mudança abrupta de vida, o lançamento do livro com os temas deste blogue e agora o ano em que termino a tese. 
Depois da tempestade vem a bonança e depois da bonança vem a tempestade. A vida é tão intempestiva como maravilhosa. E hoje é um dia muito bom..


Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.
Mahatma Gandhi

sábado, 23 de novembro de 2013

Olha o porta-chaves da Inês!!!!!


Porque o vosso mundo tem de ser celebrado, tal como o Mundo da Inês!E o preço? 3 euros. Sim, com nome gravado e tudo, 3 euros! Como encomendar? Bem, se vivem fora de Lisboa terá de ser pelos emails filipemarisa@hotmail.com ou pelo ialdim@gmail.com. O vosso lindo porta-chaves será enviado com os portes de envio incluídos, portanto 3 euros mais qq coisa. Se vivem em Lisboa telefonem para a Isabel, 

919049234 e podem ir buscar o vosso porta-chaves personalizado ao seu bonito atelier no centro de Lisboa.
 Até já!!!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Estou aqui

Se precisares, estou aqui. Se quiseres ligar só para dizer olá, eu estou aqui. Se quiseres aparecer, basta bater à porta, eu estou aqui. Se precisares que eu pegue no carro e vá ter contigo, não importa onde, eu estou aqui. Se quiseres ir ao cinema, eu estou aqui. Se quiseres ir dançar, eu estou aqui. Neste ano de más notícias, de perdas tão difíceis para tanta gente que eu gosto, só quero dizer aos meus que eu estou aqui. E se às vezes me esqueço, se deixo passar, relembrem-me, zanguem-se.

Porque de repente a vida passou e ficamos sozinhos com as nossas tarefas e não com os nossos amigos. Por isso, antes que me volte a esquecer, eu estou aqui.  


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Suécia- Portugal

Como já se devem ter apercebido, não gosto muito de futebol. Para mim o jogo está sempre parado: o ecrã é verde, uns jogadores correm de um lado para o outro  e pronto. Mas gosto de futebol feminino ( sim, as mulheres jogam mesmo bem), gosto da garra de vencer, gosto da paixão que provoca nos outros, não em mim. Mas entendo a emoção que provoca , essa estranha  obsessão que leva um país a parar de cada vez que joga a selecção. Por isso, para quem é como eu, tomem nota:

- hoje não temos de vencer, basta um empate para irmos ao Brasil, onde será o Mundial. Eu quero que Portugal ganhe para o T me levar ao Brasil onde não tenciono ir a nenhum jogo.
- o melhor deles  chama-se Zlatan Ibrahimovic , é avançado e joga no PSG, França. Não tem nome sueco e por isso gosto dele. Mas o Ronaldo é melhor e, segundo as notícias de todos os canais desportivos, só jogam estes dois. Mas eu sei que existem outros dez que também jogam. Só que os jornalistas não sabem...
-  Para os suecos irem ao Mundial ou ganham 1-0 e vai a prolongamento e  depois vemos quem ganha no prolongamento, se ficar assim ( 1-0) vai a penaltis onde têm de marcar mais golos que nós. Confusos? Eu também. O que é preciso para os suecos ganharem é que nos ganhem por uma diferença de dois. Dois golos, bem entendido.
-  No país horrível que é a Suécia (Sim, já lá fui. Sim, não tenciono voltar) está frio. Mesmo muito frio. E esta gente considerada honesta e amiga,   abriu ainda mais  um bocadinho a cobertura do estádio chamado Friends Arena para ficar mais frio e nós morrermos em campo de hipotermia. É de amigo.

Obviamente que tirei estas informações ao T,porque para mim futebol é como uma doença que afecta toda a gente, menos eu. Mas quero mesmo que Portugal ganhe porque não gosto nada de suecos e quero ir ao Brasil. Claro que há sentimentos mais nobres, mas estes são os meus.Ou como escreveu o grande Carlos Paião " o maior é Portugal".


"Heróica e lusitana gente vamos em frente mas combictamente...
Va lá cambada infantes desportistas, homens de conquistas
Povo que és o meu
Bola redonda e onze jogadores em frente
Sem temores que as tácticas dou eu
Tragam as gaitas, as bandeiras e a pomada
Vamos dar-lhes uma abada, ensinar-lhes o que é bom
Vamos mostrar a esses carafunchosos
Por momentos gloriosos
Quem é a nossa selecção
Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é PORTUGAL
Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é PORTUGAL
É atacar agora e defender para fora
Eles são toscos e nem dão para aquecer
Suar a camisola e até jogar sem bola
E disfarçar para o árbitro não ver
No intervalo, solteiros contra casados, fandangos, chulas e fados
Para aprenderem como é
Durante o jogo, qualquer caso lá surgido
Só pode ser resolvido à cabeçada e ao pontapé
Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é PORTUGAL
Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é PORTUGAL
Os portugueses já provaram muitas vezes
Saber ser uns bons fregueses das grandes ocasiões
Nesta jornada nem que seja à pantufada
Nós estaremos na bancada muito mais de dez milhões
Força Portugueses!
Viva Portugal, Portugal, Portugal...
Viva Portugal, Portugal, Portugal...
Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é PORTUGAL
Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é efectibamente
Futebol total
Temos de ter coragem, muita força
Pensem nos vossos antepassados có nada
Muito orgulho, muita vivacidade
E vai... e um, dois, e um, dois...
E vai lá... e cruza... e é golo, e é GOLOOOOOOOOOO
Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é futebol total
Deixem-se de tretas, força nas canetas que o maior é PORTUGAL."

" Bamos lá cambada"
Carlos Paião

domingo, 17 de novembro de 2013

Saltos Altos

Saltos altos são uma religião para muitas mulheres. Desconfortáveis ou muito desconfortáveis, as mulheres usam saltos altos da mesma forma que se sujeitam a depilação a cera: pela beleza e pela beleza apenas. Eu gosto de saltos altos porque- 1 me fazem mais esguia- 2 me fazem mais alta-3 me fazem mais esguia e mais alta. Demoro o triplo do tempo a percorrer pequenas distâncias do que com ténis calçados, mas já percebi que não me importo. Já quando estou de ténis, só tenho vontade de chegar a casa e calçar os meus saltos. Comprei dois pares de ténis em 2011 e estão como novos. Isto para dizer o quê? Que odeio, detesto, abomino mulheres que não sabem andar de saltos. Aquela perna aberta para cada lado, aquele andar à pato Donaldo dá-me cabo da paciência, que não abunda. E se são noivas, oh meu Deus!! Noiva tem de andar de salto como se andasse de sapatilhas de ballet. Por isso, se sofrem deste mal terrível (“ não sei andar de saltos”) estas são as regras de Marise. Garanto que resultam e, sem darem por isso, são as novas Cinderellas.

1- Comprem o número correcto. Não vão na conversa de que depois os sapatos alargam ou encolhem.
2- Só se a sola do sapato for desconfortável é que se compram palmilhas. Se não, nem se atrevam. Vai diminuir-vos o sapato e encolher-vos os pés
3-Sapato tem parte de trás. Sapatos chinelo são horríveis, incluindo as pumps. 
-O salto tem se ser proporcional à vossa vida. Mais de 3cm e menos de 6 cm é o ideal. Excepto casamentos ou possibilidade de se ver o ex, por acidente está claro . Aí uns 8 cm são ideais.
- Depois da compra, o ataque. Antes do dia da estreia, andem em casa nos novos sapatos. Façam o jantar, o almoço, as limpezas. Habituem o sapato à vossa vida e, sem darem por isso, o sapato está adaptado ao vosso pé, como se tivessem nascido juntos.
- Desfilem com orgulho no vosso sapato. Nada de andar a ajustar, a descalçar, a tirar o sapato. Nem pensar. Doí? Aguenta ou vai a casa e muda de sapato. Nada de sentar para tirar e depois voltar a pôr.

Apontaram tudo? Óptimo. Então força meninas. Vamos atacar esta vida de saltos altos.

Não sei quem inventou o salto alto, mas todas as mulheres devem muito a esta pessoa.
Monroe, Marilyn

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

As pessoas mudam?

É uma pergunta que me atormenta desde sempre: é possível alterar a nossa personalidade, a nossa forma de ser? Todos nós sabemos que não somos perfeitos, mas alterávamos alguma coisa no nosso feitio, na nossa forma de reagir com os outros? E sobretudo, é legítimo esperar que os outros mudem?
Todos nós mudamos, é certo. Mudamos de crianças para adolescentes, de adolescentes para adultos, de adultos para seniores. E aprendemos e mudamos de opinião. E quando algo mais complicado nos acontece, mudamos também de atitudes. Mas há sempre coisas em nós que não mudamos. Sejam coisas boas ou más, há sempre algo que se mantém, que é imutável. No templo de Delfos estava escrito " conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo", que foi interpretado de diversas formas. E caímos no erro de " eu sou assim" e, porque somos assim, os outros têm de nos aceitar assim. Mas eu creio que não é assim que esta inscrição deve ser entendida, mas sim da seguinte forma :conhece-te de tal maneira que saibas , perante um obstáculo, como irás reagir.
Agora, perante a não mudança dos outros, como reagir? Mudar-nos é possível, mas mudar os outros também o é? Francamente, tenho dúvidas. Se há coisas que nós não conseguimos mudar, e os outros também não.
É licito pedir a mudança a outros? Sim. É preciso que todos mudem o que está errado, o que irrita, o que não conseguimos lidar.  E voltamos à pergunta: as pessoas mudam?
Provavelmente, em muitas coisas não. Pedir a mudança é  legítimo, esperá-la é irreal. Porque as pessoas raramente mudam. E isso é decepcionante. Por isso não espere a mudança. Mude você para outro lado. É mais prático, poupa-se tempo e muita desilusão....

Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.
Kant, Emanuel


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Estamos "vingados".

A felicidade dos outros é irritante, já o escrevi aqui várias vezes. O ser humano não aguenta doses de felicidade alheia  sem ficar com "aquele" sentimento de irritação. Claro que não os demonstramos, escudamo-nos em frases "como estou tão feliz por ti" ou " que lindo ver a vossa felicidade". Mas a verdade não é essa. Um bocadinho de felicidade alheia aguenta-se, muita felicidade alheia torna-nos aquele animal invejoso e, algumas vezes, rancoroso também. Claro que demonstrar publicamente estas emoções perante amigos e família é feio, desmascara-nos e ainda bem que sabemos  representar o papel do "eu estou tão feliz por ti". É o mínimo.
Agora, quando são figuras públicas, aí o nosso ódio, rancor e todos aqueles sentimentos maus que temos ,nos surgem à tona e podem circular livremente. É como se eles, as figuras públicas, existissem para nos sentirmos  vingados quando a vida não nos corre de feição. Eu sou infeliz, mas tu também te divorciaste. Eu sou gorda, mas tu também estás com uma cara péssima. A Casa dos Segredos é exemplo disto mesmo: aqueles que  não gostamos são atacados com a maior das displicências como se os conhecêssemos ou soubéssemos exactamente quem é a pessoa que estamos a atacar. E basta percorrer um bocadinho a blogosfera para percebermos que o ódio não só anda à solta como está descontrolado. A nossa pequena moral solta-se sem freio, e o nosso poder de dizer mal de forma quase anónima é usado sem limites, porque nós somos melhores do que aqueles que estão ali na televisão "a fazer aquelas figuras". E agora eu poderia dizer que devemos ver o melhor dos outros e blá blá blá, pardais ao ninho. Mas, se aquelas figurinhas estão ali à mão e até se voluntariam para fazer aquele papel, como resistir? Como não formar uma opinião se todos os dias os vemos na tv? Mesmo que não  assistamos ao programa (eu a este não assisto, mas já assisti a vários), sabemos quem  são estas personagens  pelas capas das revistas. Só se formos cegos e surdos é que não sabemos, mesmo que levemente, o que se passa nos reality shows. Por isso, se tem o vício de se meter na vida dos outros, canalize a sua vontade de maledicência para estes programas e deixe a vida da sua  vizinha, da sua nora e da sua família em paz. Porque às nove da noite já dá outra vez na tv aquela que anda com o outro que é pai da filha da outra.  E há lá coisa melhor que falar da vida dos outros, ainda mais quando os próprios permitem? Já agora, a Bernardina traiu ou não o namorad0? Sim? -" Que galdéria. Aquela nunca me enganou, eu logo no primeiro dia disse....."

Se existe no mundo coisa mais aborrecida do que ser alguém de quem se fala é certamente ser alguém de quem não se fala.
Oscar Wilde

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Margarida Rebelo Pinto

Eu gosto da Margarida Rebelo Pinto. Cada vez que fala eu sinto-me mais inteligente. Depois de ver a sua Revista de Imprensa, onde o que a senhora queria dizer é que a culpa é do Sócrates, nada mais que isso, recordei-me da minha Revista de Imprensa e fiquei mesmo orgulhosa. Depois, a conversa da Guida é exactamente a mesma dos cafés aqui da minha zona. Cada velho, novo ou de meia-idade sabe dizer:" são todos corruptos, mereciam era viver como eu que pago isto, aquilo e outro, e políticos na prisão já". Portanto entre a Guida e a malta dos cafés da zona, prefiro os últimos que são mais e não falam com aquele sotaque de " eu estou tão enfadada de ter de vos explicar tudo". Para todos nós a culpa da crise é nacional e política apenas. Não tem nada que ver com os mercados da India e China que colocam cá os produtos mais baratos porque não pagam direitos sociais como nós, não tem nada a ver com a falta de regulação do sistema bancário que engana clientes e só negoceia para o cliente perder ainda mais do que tem, nada que ver com os impostos abusivos que as finanças e segurança social querem arrecadar a qualquer custo e colocam coimas sobre coimas, levando milhares de empresas ao desespero e à falência. Não, a culpa é do Sócrates. Ou do Passos. Ou do Cavaco. Só e apenas. Ok, por mim pode ser. É tão mais fácil repetir frases sem pensar nas coisas, se repetirmos muito uma ideia acabamos por acreditar nela. Pensar no mercado internacional, ou seja deixar entrar produtos que destroem a nossa economia sem uma taxação adequada, sem pensarmos que  a escravatura laboral em países como o Bangladesh onde Adidas e a Benetton fazem as suas roupas  nos afecta; continuarmos a lutar pelos nossos direitos mas esquecendo dos mesmos quando o professor é contratado e  “eu que sou do quadro logo não me afecta”, por isso nada de ir para a rua; não sair em defesa de uma coima única nas finanças e não coima sobre coima sobre coima, que leva as empresas ao encerramento e à perda de milhares de postos de trabalho,  não pensar global, também faz de todos  nós umas Margarida Rebelo Pinto . Esqueçam a Margarida e outras como ela. Esqueçam partidarices outras parvoíces. A crise não se desenrola só no nosso quintal. Estamos dispostos a comprar mais barato no chinês, ou estamos dispostos a lutar para que em países como a China se apliquem impostos como cá? Estamos dispostos a regular a banca? Estamos dispostos a regular finanças? Estamos dispostos a não comprar Audis e BMW e apostar numa produção automóvel nacional? Estamos dispostos a ajudar as empresas portuguesas a exportar, colocando funcionários nas embaixadas e consulados só para defenderem as nossas empresas na exportação de bens? Estamos dispostos a tratar todos os professores por igual, avaliando-os a todos, não importa se são ou não contratados? E estamos dispostos a sair à rua ,mesmo que isso incomode a Guida, quando os governos se preparam para atacar as leis fundamentais deste país?  A que estamos dispostos para não dizermos parvoíces como a Margarida Rebelo Pinto?

Ora, aguenta!

Os bancos BES, BCP, CGD e Banif perderam este trimestre 1183 milhões, o que para quem nunca teve um milhão é mais ou menos a mesma coisa. Eu acho estranho que se percam coisas tão grandes, mas distraíram-se e pronto, as coisas também se perdem. Eu cá em casa estou sempre a perder coisas. O que eu acho mais giro é que a culpa da perda este dinheiro é da crise. Espera lá, mas em 2008 a crise não era uma oportunidade? O Senhor Salgado não nos disse que os portugueses gastaram de mais, esses loucos varridos? Então, que se passou agora para estes senhores astutos e ponderados e sábios perderam dinheiro? Já sei, viveram acima das suas possibilidades. Ah, não é a crise. Espera, mas a crise não é uma oportunidade e novos mercados e tal? Esperem que o senhor do Banif está a falar. Afinal a culpa é dos cocos. Eu já sabia, nunca gostei de nada com coco. Ah, mas não é isso afinal. Os cocos são os juros do dinheiro que o Estado emprestou para salvar o Banif. Faz sentido, porque o cidadão português também fica falido e chateado de ter de pagar os juros do dinheiro que o banco empresta. É uma injustiça.
Eu creio, mas isso sou só eu, que se os bancos não tivessem expropriado “à louca” casas, carros e bens de pessoas, nem fechassem fábricas e outras empresas, se tivessem tido uma atitude de negociação verdadeira e honesta e não "de ou paga já ou fica sem nada", talvez as pessoas pudessem ter continuado a pagar o que deviam e mais os cocos.
Olhem meninos, como diz o outro do BPI que se escapou por pouco: agora, aguentem!


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

E porta- chaves com um Mundo Maravilhoso?

Conheço a Isabel Aldim desde sempre. Conhecemo-nos num curso de artes ( sim, super chique) e ficámos amigas nesse curso. A nossa adolescência dava um filme que eu não vou contar. Não vou contar mesmo. Quando o Marisa's Beautiful World começou a tomar forma, lembrei-me que a Isabel e eu podíamos fazer qualquer coisa juntas, confiando nas capacidades artísticas da Isabel, que é uma verdadeira artesã, daquelas com certificado na parede e tudo. A senhora é croma, ou “muito habilidosa” como diz a minha avó. Por isso, vamos lançar este projecto juntas! Yeahhhhhh!! E para começar, apresentamos-vos estes porta chaves .Não, não é para comprarem com o dito “My Beautiful World”, embora também  o possam fazer. Mas como eu acredito que cada um de nós tem o seu próprio mundo, substituam o My pelo vosso nome ou outro a gosto e têm um porta-chaves personalizado: Rita Beautiful World, Mariana Beautiful World e por aí.  Porque o vosso mundo tem de ser celebrado!E o preço? 3 euros. Sim, com nome gravado e tudo, 3 euros! Como encomendar? Bem, se vivem fora de Lisboa terá de ser pelos emails filipemarisa@hotmail.com ou pelo ialdim@gmail.com. O vosso lindo porta-chaves será enviado com os portes de envio incluídos, portanto 3 euros mais qq coisa. Se vivem em Lisboa telefonem para a Isabel, 
919049234 e podem ir buscar o vosso porta-chaves personalizado ao seu bonito atelier no centro de Lisboa.
Espero que este projecto vos agrade tanto como nos está a agradar ,à Isabel e a mim,entrarmos juntas neste Mundo Maravilhoso! Sejam bem- vindos!






segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ambição

Leio,(na Caras, claro!) que a Cristina Ferreira é ambiciosa e procura sempre mais. Esta frase estupenda é dita pela própria, que se assume com ambiciosa, como se a ambição fosse apenas uma qualidade. Não é a única, parece que a ambição,  essa "qualidade" outrora considerada um defeito (e dos maus), se tornou uma virtude retemperadora e fascinante. A ambição, o sermos "profissionais implacáveis", o "atingir objectivos", são termos da gestão de que a vida do dia-a-dia se apropriou para tomar conta da própria vida. E este enorme disparate, esta enorme falta de senso, foi sendo repetida até ao infinito da parvoíce e usada como consideração elogiosa da personalidade e não o defeito que representa.  Francis Bacon, um filósofo é claro, dizia que a  a "ambição é como a bílis, humor que torna os homens ativos ardentes, cheios de alegria e movimentados” mas se não houver limites “começa a ser maligna e venenosa”. Os homens ambiciosos, dizia Bacon, que encontram caminhos abertos para a sua ascensão e continuam a progredir, “são mais negociosos do que perigosos”, mas se forem contrariados nos seus desejos, “tornam-se secretamente descontentes, e projetam mau-olhado sobre os outros homens e sobre as coisas". O problema da ambição é que esta não encontra limites, quando temos o que queremos procuramos sempre mais, numa escala que não tem fim nem tectos morais. Porque devemos ter objectivos e sonhos, obviamente, mas quando a ambição toma conta da nossa vida e nos revelamos sempre ambiciosos, estamos a dizer que somos capazes de fazer algumas coisas ( ou bastantes coisas)  menos éticas,  ou  que simplesmente colocamos os nossos objectivos e sonhos acima dos sonhos e objectivos dos outros. Aprendi no Dexter que os melhores gestores ou CEO  têm características psicopatas, ou seja são ambiciosos e implacáveis. O que significa que não cultivam outras coisas, talvez menos importantes é certo, como o amor, a amizade, e uma boa conversa.  Talvez não possamos ser todos Mourinhos, nem Zeinal Bavas nem Ronaldos.  E talvez existam outras coisas tão importantes como o sucesso profissional que devemos ambicionar como, por exemplo, uma vida repleta de sonhos, de amigos, de coisas boas à nossa volta. Porque quando nos concentramos em nós, e apenas em nós, mais tarde olhamos em volta e só vemos conquistas, glórias e prémios,  mas deixamos de ver pessoas. E aí, de que serviu a glória do mundo quando não temos com quem a partilhar?

"Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela."

Maquiavel, Nicolau

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Pão por Deuuuuuuuuuuuuuuus

Eu nem dormia na noite anterior! O dia 1 de Novembro era, para as crianças da aldeia onde nasci, o seu feriado preferido. A minha avó cosia todos os anos dois novos sacos para o Pão por Deus, bordados à mão,  porque só um não chegava. Quando o primeiro enchia, corríamos para nossas casas para o despejar e buscar o segundo. O meu pai ficava à porta à minha espera para que eu não perdesse tempo. Na noite anterior a minha mãe comprava as línguas de gato, os figos secos, os rebuçados e os beijinhos, de longe os meus bolos preferidos. Lambia a parte de cima dos beijinhos, aquela massa amarela, ou rosa ou azul de açúcar e deixava para comer depois a bolacha estaladiça ou nunca as comia porque o que eu gostava mesmo era do açúcar, tal como todas as crianças. No dia 1 de Novembro saíamos bem cedo, em grupos ou até sozinhos, porque nesse dia estava tudo na rua e ninguém se importava. Os mais novos iam aos colos das mães e assim apresentavam-se  à aldeia" olha, tão grande que ele está" ou" que rico menino". Nas casas mais pobres, que as havia, recebíamos fruta e nas mesmo muito pobres não íamos, porque toda a gente  da aldeia sabia da vida de toda a gente. E fazíamos fila para as casas que compravam os mini chocolates, tão raros na altura! Uma vez recebi uns smarties e senti-me no céu. Mas o Pão por Deus também era a forma de os meninos e meninas pobres da minha aldeia terem, durante dias e dias, doces e algum dinheiro (porque havia quem desse dinheiro) que  no resto do ano lhes era vedado. Quem nunca viveu o feriado de Todos os Santos (de longe o mais democrático para os Santos), e a magia do Pão por Deus, nunca entenderá que as bruxas e os diabos dos americanos são uma forma de Carnaval pobre fora de tempo. E que a magia do Pão por Deus basta por si para tornar o dia mais feliz de tantos meninos e meninas. E que matou a fome de algumas famílias pobres, que nesta altura do ano tinham em casa a abundância que lhes faltava o resto do ano. Talvez seja pouco, mas em tempos de crises que vivemos, isto tudo parece-me tão tanto....

Ó tia, dá Pão-por-Deus?
Se o não tem Dê-lho Deus!
Provérbio popular