Eu gosto da Margarida Rebelo Pinto. Cada vez que fala eu
sinto-me mais inteligente. Depois de ver a sua Revista de Imprensa, onde o que
a senhora queria dizer é que a culpa é do Sócrates, nada mais que isso,
recordei-me da minha Revista de Imprensa e fiquei mesmo orgulhosa. Depois, a
conversa da Guida é exactamente a mesma dos cafés aqui da minha zona. Cada
velho, novo ou de meia-idade sabe dizer:" são todos corruptos, mereciam
era viver como eu que pago isto, aquilo e outro, e políticos na prisão
já". Portanto entre a Guida e a malta dos cafés da zona, prefiro os
últimos que são mais e não falam com aquele sotaque de " eu estou tão
enfadada de ter de vos explicar tudo". Para todos nós a culpa da crise é
nacional e política apenas. Não tem nada que ver com os mercados da India e
China que colocam cá os produtos mais baratos porque não pagam direitos sociais
como nós, não tem nada a ver com a falta de regulação do sistema bancário que
engana clientes e só negoceia para o cliente perder ainda mais do que tem,
nada que ver com os impostos abusivos que as finanças e segurança social
querem arrecadar a qualquer custo e colocam coimas sobre coimas, levando
milhares de empresas ao desespero e à falência. Não, a culpa é do Sócrates. Ou
do Passos. Ou do Cavaco. Só e apenas. Ok, por mim pode ser. É tão mais fácil
repetir frases sem pensar nas coisas, se repetirmos muito uma ideia acabamos
por acreditar nela. Pensar no mercado internacional, ou seja deixar entrar
produtos que destroem a nossa economia sem uma taxação adequada, sem pensarmos que a
escravatura laboral em países como o Bangladesh onde Adidas e a Benetton fazem
as suas roupas nos afecta; continuarmos a lutar pelos nossos direitos mas
esquecendo dos mesmos quando o professor é contratado e “eu que sou do quadro logo não me afecta”,
por isso nada de ir para a rua; não sair em defesa de uma coima única nas
finanças e não coima sobre coima sobre coima, que leva as empresas ao
encerramento e à perda de milhares de postos de trabalho, não pensar global, também faz de todos nós umas Margarida Rebelo Pinto . Esqueçam
a Margarida e outras como ela. Esqueçam partidarices outras parvoíces. A crise
não se desenrola só no nosso quintal. Estamos dispostos a comprar mais barato
no chinês, ou estamos dispostos a lutar para que em países como a China se
apliquem impostos como cá? Estamos dispostos a regular a banca? Estamos
dispostos a regular finanças? Estamos dispostos a não comprar Audis e BMW e
apostar numa produção automóvel nacional? Estamos dispostos a ajudar as
empresas portuguesas a exportar, colocando funcionários nas embaixadas e
consulados só para defenderem as nossas empresas na exportação de bens? Estamos
dispostos a tratar todos os professores por igual, avaliando-os a todos, não importa
se são ou não contratados? E estamos dispostos a sair à rua ,mesmo que isso
incomode a Guida, quando os governos se preparam para atacar as leis
fundamentais deste país? A que estamos
dispostos para não dizermos parvoíces como a Margarida Rebelo Pinto?
Parabéns por mais este texto! Continuas com um discurso claro e directo sem papas na língua. Concordo em tudo!!
ResponderEliminarNão entendo é porque razão as pessoas ainda se dão ao trabalho de ficarem maçadas com esta criatura tão maçadora e insípida.
Desde que ela tomou a liberdade de comparar a sua evolução na escrita a um Eça... fiquei esclarecida sobre a qualidade da massa cinzenta desta senhora e qual a importância que lhe devo dar.
Parabéns por este blog!
Obrigado Sara. Sendo a questão pertinente a seguinte: a senhora sabe quem é o Eça ou leu o resumo dos Maias no caderno amarelo da Europa-América?
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