segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Vocês. Feliz 2014

Escrevo-vos às três da manhã do último dia de 2013, numa das minhas noites de insónias. Já revi o ano de 2013 da frente para trás e de trás para a frente. Já ponderei, analisei, fiz aquelas listas de desejos e todas essas coisas estúpidas. E depois deu-me uma vontade enorme de vir ao blogue porque o melhor de 2013 também foram vocês. Sim, vocês, aqueles que eu conheço e aqueles que não conheço. Quando me sinto sozinha, e às vezes isso acontece, venho para aqui escrever porque sei que alguém do outro lado me vai ler, desde que saiba ler português está claro. Gostava de escrever em inglês para chegar a mais pessoas, da mesma forma que gostava de escrever hindi. Mas não sendo possível, vamos ser só nós, durante algum tempo. Vocês foram o melhor do meu mundo em 2013 e, verdade seja dita, alguns dos piores comentários de 2013 também vieram daqui. Não posso ajudar ninguém realmente nem posso mudar o Mundo, o que não me impede de tentar. Mas posso escrever e saber que alguém vai  perceber o que eu escrevo  ou odiar cada palavra. Não faz mal. Também vou  a outros blogues fazer o mesmo: partilhar textos e desprezar textos. Estranho, se me dissessem em 2002 que ia ter um blogue e até gostar de escrever, diria que estavam doidos, que não me conheciam. Afinal, e esta é a verdade, nós nunca sabemos o que esperar de nós próprios quanto mais dos outros, do Mundo. E não vou estar aqui com discurso de miss a dizer que tudo isto vai melhorar porque não vai ou que no ano seguinte nos vai trazer 365 oportunidades, porque poderá não trazer. Mas estamos vivos e na maioria das vezes estamos on-line e isso basta-me.
Obrigado por me lerem, obrigado por estarem aí. Juntos, não estamos sozinhos.
Um Feliz 2014!

Marisa 

domingo, 29 de dezembro de 2013

Os melhores filmes de 2013, by Cineuphoria

Isto é serviço público gratuito e a primeira colaboração deste blogue. Perguntei ao meu amigo Paulo Peralta quais os melhores filmes de 2013. E de uma pergunta simples, revela-se o trabalho de um profissional. Se querem saber as novidades cinéfilas, têm mesmo de seguir este blogue http://cineuphoria09.blogspot.pt/, que muitos já conhecem com certeza. E  para o Paulo, os melhores filmes de 2013  são ( apresentado com os comentários do próprio):
1- Tal pai, tal filho.
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/327455_tal-pai-tal-filho
2-O passado.
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/327453_o-passado
3- Temporário 12 ( este é mesmo obrigatório)
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/327459_temporario-12
4- A vida secreta de walter mitty
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/327458_a-vida-secreta-de-walter-mitty
5- A propósito de llewyn davis ( Simplesmente um dos melhores filmes do ano)
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/327066_a-proposito-de-llewyn-davis
6- Capitão Philips (  Hanks como já não se via há MUITOOOOOOOOOOOOOOOO tempo)
http://cinecartaz.publico.pt/Film:e/325376_capitao-phillips
7-  Gravidade (Para quem tinha alguma dúvida de que a Sandra Bullock é uma excelente actriz)
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/325304_gravidade
8- A vida de adele capítulos 1e 2 (Apesar de excessivamente gráfico)
http://cinecartaz.publico.pt/Filme/326709_a-vida-de-adele-capitulos-1-e-2
9- O desconhecido do lago (Apesar de excessivamente gráfico - parte 2)
http://www.imdb.com/title/tt2852458/?ref_=nv_sr_1
10- 12 anos escravo (Não estreia este ano mas sim já no próximo dia 2... e é assumidamente um dos melhores filmes de 2014)
http://www.imdb.com/title/tt2024544/?ref_=rvi_tt


Obrigado Paulo. E vocês, concordam com esta lista?

O cinema é o modo divino de contar a vida.
Fellini , Federico

sábado, 28 de dezembro de 2013

Mulheres que não choram

Lembro-me perfeitamente. Estava a dar um filme romântico, mas daqueles maus, em que a história é uma pastelada e a música perfeita para suicídio assistido,  e eu gozei com a história, com a música, com os planos curtos e longos, com o blarghh que o filme era. E o rapazito da altura disse-me " tu não choras nos filmes, não és como as outras mulheres". Parei. Não pela ofensa de não chorar, não pela ofensa de não ser como as outras mulheres, mas pela presunção de que não tenho sensibilidade porque não choro nos filmes. Meus queridos leitores, vocês sabem que eu não digo nem escrevo palavrões, mas apetece-me até hoje mandar a" menina "a passear num sítio feio e cheio de maus cheiros corporais. Ou obrigá-lo a ver o Titanic, O Nosso Amor de Ontem e um musical da Bárbara Streisand a ver se as lágrimas de emoção saltam. Não? Pois a mim também não!
Não, eu não choro por banalidades. Choro quando as coisas são graves: quando perco alguém de quem gosto, quando dizem mal dos meus amigos, quando me maltratam. Mas em privado, sem tretas. E não uso o choro para conseguir coisas, como muitas colegas usam para se safarem ao trabalho ou causarem pena e atenção redobrada. Não, não uso o choro para nada disso e reprovo mulheres que fazem papelão de vítima para conseguirem coisas .Deixam mal todas as outras mulheres que usam métodos honestos para estar no trabalho, na vida, no cinema.
E, sobretudo, em pleno século XXI,  avaliarmos a sensibilidade feminina pelo choro e a macheza de homem pelo não uso de lágrimas, é a mesma coisa que usar galochas em plena praia de Copacana. 
Mulheres que não choram: unamo-nos contra a parvoíce vigente de que  as mulheres  são todas umas pétalas que choram com casais apaixonados ou separações lacrimoniosas que passam no pequeno ou grande ecrã. Use-se as lágrimas para onde elas são precisas: dores e desilusões. Ah, e isso de chorarem no casamento por emoção da ver a amiga casar é treta e vocês sabem: são apenas ciúmes remoídos por não ser o vosso dia.  

Lágrimas não são argumentos.
Assis, Machado.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

2013, que raio de ano.

2013. Que raio de ano. Não sei se devo dizer bem ou mal deste ano, porque teve muita coisa boa mas também muita coisa má. Foi o ano em que terminei o mestrado, o ano que lancei o livro das crónicas deste blogue e o ano em que o meu pai foi operado , assim de repente. E foi o ano em que morreram familiares próximos e que amigos sofreram perdas muito dificeis. 2013 não foi um ano aborrecido, isso não foi. E se trouxe tantas coisas boas como más, as coisas boas  que trouxe foram em grande e as más em expoente máximo.Mas, e porque há sempre um mas, se eu refletir muito bem, o meu ano só pode ter uma frase, que não é minha mas da minha amiga Sara C. " este ano mostrou como a vida é frágil, tão frágil como uma ventania leve que apaga a vela". E se este ano me mostrou uma coisa, é esta e apenas esta: que nada tenho que me queixar.Porque enquanto estes três estiverem por cá,na minha companhia, está e estará tudo bem.

Da esq para a direita a minha irmã, o meu pai, a minha mãe e eu(de casaco branco).


Um grande beijinho e abraço para aqueles para quem este Natal é mais triste.

E para todos nós, um Feliz Natal!

domingo, 22 de dezembro de 2013

O trauma da emigração


De 1955 até ao 25 de Abril, saíram de Portugal cerca de 92000 mil pessoas por ano. Em 2013 emigraram 120 mil portugueses, um número assustador. Os portugueses saem porque não há trabalho e porque é impossível abrir uma empresa em Portugal: os impostos são altíssimos, as burocracias indecifráveis e qualquer empreendedor tem contar com salários, segurança social, IRC, seguros de trabalho, médicos do trabalho, mais as despesas do dia-a-dia. Se uma máquina avaria, os preços baixos praticados para concorrer com a China tornam impossível manter  as empresas abertas.E não se cria qualquer legislação onde  se proíbaa importação de artigos produzidos por escravos do capitalismo sem direitos civis. É o mercado livre dizem os capitalistas, é o comunismo amigo dizem os comunistas. E por isso  as empresas obrigadas, e bem, a cumprir direitos  mas sem protecção contra os produtos baratos, feitos por gente sem direitos, declaram falência e emigram juntos patrões e empregados, lado a lado. Os bancos não emprestam e requerem de volta rapidamente o dinheiro emprestado e juros abusivos. Entregam-se fábricas e escritórios que ficam ao abandono, sem produzir e sem criar valor. Os bancos não os conseguem vender e interrogo-me porquê estas expropriações que não levam a nada. O governo não contrata e não abre empregos, mas deixa que os Recibos Verdes se propagem e deixa que  empresas menos sérias ofereçam empregos sem remuneração, baseados nos objectivos. Se vender recebem, se não venderem azar para eles, não para as empresas.  Ou então fazem estágios profissionais em empresas viciadas em estágios profissionais. Os mais novos, aqueles que os mais velhos acusam de ter tudo e não se sujeitar a nada, emigram na procura de uma vida que não é melhor porque não há qualquer comparação: aqui não há vida, naqueles países para onde se vai ainda há. E neste país que não consegue empregar nem tratar bem os empregadores nem os empregados, emigramos todos porque não podemos ficar. Não há ninguém que regule e saiba governar este país? Não. Sobem-se impostos, destroem-se ainda mais empresas, cria-se mais desemprego. E a Alemanha vende BMW para a China e electrodomésticos caros para os países emergentes. E Portugal derruba as últimas indústrias e os últimos estaleiros. E nós pagamos dívidas dos bancos não contraídas por nós, mas com aquele sentimento de culpa "que vivemos acima das nossas oportunidades “porque os nossos avós eram analfabetos e nós temos estudos e casa e carro e viagens. Uma verdadeira provocação às famílias de bem que não aguentam que  outros tenham  o que  eles sempre tiveram sempre. Direitos naturais, ouvi dizer, ou primos em Bancos e dinheiro mal vigiado. E a imprensa faz-nos sentir culpados ou miseráveis e defendemos que temos todos de pagar a crise, trabalhando mais em empregos que não existem ou emigrando. 120 mil saíram. O que é preciso para que estas políticas de austeridade  saiam de vez do nosso horizonte? 

Quando a culpa é de todos, a culpa não é de ninguém.
Concepción Arenal.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O dia em que descobri que não queria ser Santa...

Tinha sete anos e fui com os meus avós a Fátima. O meu avó era ateu mas negociava mármores e tinha ido a Fátima comprar Creme de Mós, em blocos. Findo o negócio fomos os três, o meu avô, a minha avó e eu, até ao Santuário de Fátima. Em 1987 só existia a pequena igreja  onde estavam enterrados os dois pastorinhos, Jacinta e Francisco.Jacinta morreu com sete anos, idade que eu tinha na altura. Perguntei à minha avó porque é que os meninos tinham morrido. A minha avó, tentando ser o mais pedagógica possivel, explicou-me que tinham falecido porque Deus os queria junto de si, porque eram muito bons meninos. E então pensei, na minha ingenuidade sempre certeira " é melhor começar a portar-me mal".

As meninas boas vão para o céu, as más para todo o lado.
Mae West


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Da Sónia

Recebido hoje:

"E porque cada um tem o seu mundo, hoje recebi a minha carteira Beautiful World personalizada. É gira, não é? Não se deixem enganar pelo ar certinho da menina e entrem neste blog, vão adorar, garanto-vos. http://marisasbworld.blogspot.pt/"

Obrigado pelo miminho minha linda Sónia!
Beijinhos
Marisa

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Quantos amigos temos?

Temos por hábito dizer que amigos temos poucos, mas bons. E que tudo o resto são conhecidos ou pessoas com quem apenas nos damos. A amizade é uma coisa muito difícil de manter, muito mais difícil de que uma relação amorosa. Há quem tenha amigos até ter namorado/a e depois só tem amigos casais, geralmente muito insonsos ou, como eu gosto de lhes chamar, “os casais cheios de frio”, porque dizem sempre que estão com frio ou sono para largarem os amigos e voltarem para casa. Comigo amigos que desaparecem com namoros são amigos que desparecem para sempre. Aceito a fase da paixão, aceito a fase do estar a dois, mas depois de algum tempo ou recebo uma mensagem e telefonema ou Addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye. E sobretudo odeio quando esses amigos que não nos ligam há dois , três anos ,e de repente se lembram de sair à noite, café, jantar, com o famoso “ então, vamos sair?” como se a nossa vida não tivesse também mudado e nela não tivessem entrado outros ritmos, outras pessoas e também novos amigos. Gente que pára no tempo e depois regressa porque agora já precisa de nós, é como ver um filme dos anos 80 em que a história é má e a permanente é péssima. E  se eu  me recuso a fazer permanente e usar enchumaços, também me recuso a ser lembrada quando é preciso. Isto é o bom de se ter 33 anos: aos 20 queremos agradar a todos, aos 30 já não estamos para isso.
Por isso concordo que temos poucos amigos, mas bons, que não é o mesmo que dizer que os amigos têm de ser feitos na escola  e depois não temos mais nenhuns. Isso é uma treta. Amigos entram em qualquer altura da nossa vida, porque mudar é bom e importante. Os amigos não se escolhem nem pela idade, nem pelo sexo, nem pela localização geográfica. Amigos escolhem-se pela cumplicidade, pelos segredos partilhados e mantidos em segredo. Amigos escolhem-se pelas convicções e pela honestidade. E amigos não nos condenam, mesmo que tenham vontade. Amigos, amigos são poucos ,mas bons. E entram na nossa vida com a intuito de ficar no nosso mundo e de nos  manterem no mundo deles mesmo que chova ou faça sol.
Porque  se amor em part-time não é amor, Amizade em part-time não é amizade.

"É mais vulgar ver um amor absoluto do que uma amizade perfeita."
La Bruyère , Jean de

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O meu livro disponível na BOOK IT, Campo de Ourique.


Esta foto foi tirada ontem na BOOK IT de Campo de Ourique(rua Ferreira Borges), durante a sessão de autógrafos do meu livro Marisa's Beautiful World, que reúne as melhores crónicas deste blogue e alguns inéditos. Como sabem, os novos autores têm muita dificuldade em arranjar espaço na prateleira. Se repararem cada vez que vamos a uma livraria temos acesso só aos consagrados ou aos autores mais populares. E é óbvio que, quando vamos comprar um presente, levamos um dos livros que estão disponíveis. Esta semana, o meu livro vai ter espaço de prateleira na BOOK IT de Campo de Ourique, estando disponível para qualquer pessoa que deseje e por um óptimo preço:9,90 euros. Passem por lá para visitar o livro. Beijinhos.




sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Diabo veste PRADA, eu leio PRADA.



Escrevi uma história sobre a PRADA e a PRADA gostou. Gostou de que defendesse que é uma indústria que emprega milhões de pessoas e que o bom gosto é essencial para qualquer pessoa. Antes que me apontem os defeitos da moda, também sei que no Bangladesh existe exploração de crianças e mulheres, situação que devemos todos lutar contra. Eu gosto de moda, gosto que paguem salário dignos, gosto que nos façam mais bonitas/os. Logo, gosto de roupa, acessórios, sapatos, brincos, you name it and I Love it. Como não sou uma blogger de moda, mas que também fala de moda, recebo o Lookbook of Prada, onde numa edição de luxo se conta a história da PRADA. Eu confesso que estou muito feliz. E só mesmo para fazer inveja, coloco aqui as fotos. Se para o ano receber um vestido PRADA, ninguém me atura.






Aquilo que veste é a forma como se apresenta ao mundo, especialmente nos dias que correm, em que os contactos humanos são rápidos e fugazes. A moda é uma linguagem instantânea.

Miuccia Prada
 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Portugal Agora

Estive durante esta tarde, acompanhada pelo "colega" cá de casa, a assistir ao evento Portugal Agora. Quando  o Fernando Alvim lançou a pergunta “ alguém tem mais ideias que queira partilhar”, não me ocorreu absolutamente nada. Nada. E no caminho, a debater as ideias ouvidas (os emails enviados ao vivo para os políticos; a questão do mérito, etc…) ocorreu-me finalmente uma ideia, mas devo contextualizar. Em 2009 fui em trabalho à Finlândia, país que veneremos porque é civilizado e do Norte. Nos sete dias que lá estive passou-me pela cabeça sobretudo o suicídio ou tornar-me alcoólica permanente. Até quando estavam bêbedos os finlandeses atravessavam nas passadeiras, não existia ruido, tudo funcionava, mas o tempo e a falta de criatividade mataram-me. Ora, o dia mais feliz foi o dia de ir embora, até que chego ao aeroporto e descubro que me enganei e enganei a minha irmã, e o nosso voo tinha sido na noite anterior. E o que é que fiz? Desatei a chorar ao balcão da companhia aérea, implorei para sair da Finlândia. Bem, deve ter sido tanta emoção para a senhora que nos deixou embarcar do género “ sai daqui, essas emoções não se enquadram nas regras”. Um português, bem-disposto e que gostou de assistir a tudo aquilo e que ia à Finlândia frequentemente, foi ter connosco e disse:” Portugal é fabuloso. Tem gente bonita, tem bons solos, tem tudo. O que é triste é que nos podemos ter tudo o que os Finlandeses têm ( educação, emprego, etc) mas eles nunca poderão ter o que nós temos”.  Caí em mim hoje! Caramba, a pergunta é mesmo essa: porque é que nós não temos o que os finlandeses têm?
Bem, as respostas podem ser longas mas o que o que aqueles tipos têm é: regras e simplicidade. Aqui é para as bicicletas, aqui para os carros, aqui para as pessoas. The end.
Ora Portugal precisa de apenas  ser simples e regrado, mas não demais, só em alguns coisas básicas e uteis. Por exemplo,  para a simplicidade, todos os contractos devem ser tão simples de entender, que até uma criança de 8 anos perceba. Tudo o que o puto não perceber deve ser proibido porque nós também não entenderemos. Esta é a minha ideia, a seguinte não é minha é do "colega" cá de casa.
Para as regras, se uma empresa der lucro, o gestor deve ter direito a essa parte do lucro. Se não der lucro, não pode receber mais que o salário base, que deve ser assim pequenino, ou até o mínimo.
Dois exemplos simples e regrados. E se juntarmos a isto a nossa criatividade, o nosso dinamismo, o nosso sol, e a nossa cerveja e vinho, então nós teremos tudo. Mas mesmo tudo!

Para ver outras ideias, siga este link:




segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Apresentação do livro, 15 de Dezembro.



Convido-vos, a todos, a assistirem à apresentção do livro Marisa's Beautiful World no dia 15 de Dezembro, pelas 16 horas, na Book IT da Ferreira Borges em Lisboa.O livro reúne as melhores crónicas do blogue e alguns inéditos. Conto com todos para nos conhecermos e conversarmos um bocadinho.Bjs. Marisa

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Winnie e Nelson Mandela


Sou uma romântica incorrigível, mesmo quando não devo. E adoro histórias de amor, principalmente se por detrás está a tragédia à espreita, que torna a vida mais próxima da ópera do que da comédia. Nelson e Winnie Mandela viveram uma história de amor intensa e inacreditável. Winnie está longe, mas muito longe mesmo de ser uma santa, ou uma mulher que se deva admirar. Mas é impossível negar a extraordinária vida desta mulher. Casou com Mandela em 1958, contra a vontade do pai. A família de Winnie era rica e possibilitou-lhe o acesso à educação, num país onde as casas de banho eram separadas por cores, mas isso toda a gente já sabe. A primeira assistente social negra a exercer em Joanesburgo viu o marido entrar na clandestinidade em 1961 e ser preso em 1962 até ser libertado em 1990. 28 anos longe da família, 27 anos preso. Portanto Winnie  só viu o marido   duas vezes por ano, durante 27 anos, porque os prisoneiros só tinham direito a meia hora de visita de seis em seis meses.  É óbvio que teve amantes, e mais dois filhos desses amantes. 27  anos é muito tempo, tempo demais e ninguém sabe o que o casal combinou. Quando Mandela saiu, Winnie estava lá, mas já não era a mesma e não podia ser. Acusada de fraude, de roubo e de assassinato, Winnie foi  e era culpada de tudo. Mandela teve de separar-se  da mulher que amava por uma causa maior, o seu país. Fez bem. Mas os laços não se cortaram. Foi Winnie que criticou o partido por mostrarem o ex-marido com ar debilitado. Foi Winnie que criticou as visitas constantes que debilitavam Mandela. Porque para o bem e para o mal, foi Winnie que esteve ao lado de Mandela nos momentos mais decisivos da sua vida. Até ao fim.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A profissão mais velha do Mundo.

A profissão mais velha do mundo é a estupidez crónica. Nasceu no mesmo dia em que o macaco se tornou bípede, sendo que o macaco é menos estúpido que o homem. Dizer que a prostituição é a profissão mais velha do mundo é apenas acusar as mulheres de serem putas, vulgares, indignas. Provavelmente a profissão mais velha do mundo terá sido a agricultura, ou a caça. Mas caiu-se na vulgaridade de se atribuir à prostituição este triste epitáfio, condenando as mulheres a carregar este peso, tal como Eva carrega o peso do pecado apesar de ter sido o parvo do Adão que comeu a maça. 
A prostituição é uma profissão em Portugal, apesar de estar na terra de ninguém, porque o proxenetismo é ilegal, e os bordéis proibidos. Mas as prostitutas e prostitutos não têm protecção legal ,nem fazem descontos, porque não enquadramos a profissão em termos legais. Então o que fazer com esta profissão?
A Suécia, a Noruega e o Reino Unido punem os clientes, mas a oferta da internet subiu, subindo também os riscos de transmissão de doenças entre prostitutas e clientes.  A Holanda, a Alemanha, a Suíça e a Grécia regulamentaram a prostituição considerando-a uma actividade económica. A Alemanha já divulgou os lucros da actividade no sexo, num claro pragmatismo.
Mas existem questões não esclarecidas. Por exemplo, as mulheres que se dedicam à prostituição são livres ou pertencem a redes de leste, onde são escravizadas? A Alemanha tem este problema presente e as prostitutas tem facilidade em sair desta profissão, que não é igual às outras, ou o facto de se ter profissão ” prostituta/o” escrito no currículo pode condicionar a vida futura destes homens e destas mulheres?

Bem, não sei responder a estas questões. Mas gostava que fossem debatidas na sociedade portuguesa porque a crise está a levar mais mulheres e homens para as ruas, onde  para muitos é a única forma de sustentarem as  famílias. Mas sobretudo quero que lhe parem de chamar a profissão mais velha do mundo. Porque raramente foi uma profissão e realmente não foi a primeira.

Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.
Nelson Rodrigues

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Casa solidária. Uma loja muito especial.



Bem, eu falo de solidariedade neste blogue, defendo a solidariedade, mas até hoje  nunca tinha dispendido o meu tempo a ser solidária. Porque não me imaginava na rua ou porque não conseguia aceitar que tanta gente vivesse em condições desumanas, a verdade é que nunca me coloquei na posição de ser solidária. Até hoje. Hoje não tive argumentos nem desculpas e ainda bem. Hoje fui voluntária na Casa Solidária, uma loja linda que fica no Colombo, no piso 0, mesmo em frente à arvore de Natal, entre a Vista Alegre e a loja do Coração, perto da Nespresso. Querem ver o que tem lá dentro?


Nada.  Absolutamente nada.Quando abre as portas, de manhã,  não tem nada lá dentro. Esta loja vazia abre vazia e acaba cheia. Confusos? Eu explico. A loja abre com as prateleiras vazias, e durante o dia nós podemos ir até à loja entregar  roupa boa mas que já não usamos, e preencher as prateleiras vazias desta loja. Quando fecha, a roupa é empacotada e enviada para instituições de solidariedade.Amanhã irei a esta Casa Solidária doar roupa de homem que será entregue na Casa do Gaiato e aos Sem Abrigo. Mas esta loja solidária tem mais para oferecer. Se forem como eu não têm jeito, nem paciência, para embrulhar prendas. E detestam oferecer coisas mal embrulhadas ou dentro dos sacos da loja,com a publicidade ali bem visivel, certo? Então aqui está a solução.


Na loja Solidária as voluntárias e voluntários embrulham os presentes em troca do que puderem dar. Ou seja podem comprar as prendinhas em qualquer loja e dirigirem-se à Casa Solidária para as embrulhar. Mas não são uns embrulhos quaisquer, são embrulhos gourmet. Vejam só  caixinhas e os materiais que usam.



É ou não é uma maravilha? Embrulhos lindos e por um preço que podemos pagar, ou seja o que pudermos dar. Seja 1 cêntimo ou 100 euros, o que importa é ajudar.

E se neste tempo de crise, tão dificil para tantas famílias,se não pode dar roupa nem dinheiro e quer ajudar, então dê o seu tempo. Para embrulhar prendas, para varrer a loja, para receber pessoas, se puder e quiser este é o link para contactar a loja Solidária https://www.facebook.com/pages/Inspirar-qualquer-pessoa-em-qualquer-lugar/301702376559352?fref=ts




Amanhã lá estarei  nesta loja  a doar de roupa de homem. Passe por lá também a qualquer dia,a qualquer hora, para ajudar, para entregar roupa, para embrulhar os seus presentes. Porque ser solidário assim não custa nada e ainda maravilha a família com os embrulhos lindos que aqui se fazem. O Natal é só em dezembro, mas o que fazemos agora dura o ano inteiro.E não é bom?

Fazer o bem é o mais suave prazer que se pode experimentar.
Henri Frédéric Amiel

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Casamento gay

A Croácia recusou o casamento gay. E eu não percebo o porquê. Se sabemos que existem pessoas que amam pessoas, porque não aceitar que pessoas que amam pessoas do mesmo sexo tenham direito ao mesmo contrato social que nós? Eu nunca me casaria porque não gosto nem de regras estatais, nem gosto de casamentos em geral: é uma festa longa e geralmente chata. E cara, se é cara. Nem o vestido me tenta, e eu adoro roupita. Mas não ando por aí na rua a proibir as pessoas de casarem porque não gosto ou não me identifico. As pessoas para serem pessoas precisam de rituais e validações. E festas e romarias. E eu não percebo porque se negam direitos a pessoas como nós só porque amam pessoas do mesmo sexo e não de sexo diferente. E muitas vezes me questiono: se a "normalidade" fosse casar entre iguais, mesmo sexo, o que fariam todos os outros "anormais"? Viveriam escondidos, com medo? Procuravam “tratamentos” para o amor? 
Que pena a Croácia não amar livremente. Porque se perdem cidadãos iguais e livres, e constroem-se cidadãos de primeira e cidadãos de segunda. E O amor não devia precisar de votos, porque amor é amor.

Aqueles que se amam e são separados podem viver sua dor, mas isso não é desespero: eles sabem que o amor existe.
Albert Camus

domingo, 1 de dezembro de 2013

Uma Europa perigosa.

O Papa Francisco disse-o, Soares disse-o, eu digo-o: uma Europa perigosa está a surgir a passos largos. Manifestaram-se ontem em Atenas apoiantes da Aurora Dourada, o partido da extrema-direita que elegeu 18 deputados para o Parlamento Grego, a exigir a libertação do seu líder Nikos  Michaloliakos, acusado de assassinar Pavlos Fyssas, cantor anti-fascista, à saída de um bar. Na Eslováquia o partido de extrema-direita  A Nossa Eslováquia, conseguiu ser eleito para governar a região Banská Bystrica, e o  seu discurso anti-cigano venceu o discurso democrático. Na Hungria o partido Amanhecer Húngaro, está prestes a conseguir a legalização, com um discurso anti-semita e anti-cigano. Nesta mesma Hungria que criminaliza os sem-abrigo, prendendo-os depois de três detenções: quem é pobre é preso por ser pobre. Na Áustria, o partido da extrema-direita, anti-imigrante e anti-europeu, subiu nas tendências de voto. Na França, a ministra de origem guianesa é chamada de macaco e crianças atiraram-lhe bananas na rua. Ao mesmo tempo, o partido de Marine Le Pen sobe nas intenções de voto. O massacre na Noruega, na ilha de Utoya, foi apenas há dois anos. Lembram-se do motivo? Matar a nova geração de liberais noruegueses, dos que colocam os direitos humanos como bandeira humana antes da cor da sua bandeira.
É uma Europa a ferro e fogo onde a culpa da crise económica não é dos bancos, nem da desregulação bancária, nem  dos negócios privados que lesam o Estado nem dos maus políticos. A culpa é dos ciganos, dos emigrantes, dos pretos, do outro.
Que se deve fazer? Bem, nisto sou sueca. O líder da extrema-direita foi recebido no Parlamento  Sueco com um bolo na cara (o que se diria em Portugal, meu Deus!). O primeiro-ministro não lhes concede audiências porque com este tipo de gente não há diálogo.
Com o racismo, com a xenofobia não se dialoga.Não se dá voz.Porque Hitler não pode voltar a morar aqui.


Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.

Mandela, Nelson