sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Winnie e Nelson Mandela


Sou uma romântica incorrigível, mesmo quando não devo. E adoro histórias de amor, principalmente se por detrás está a tragédia à espreita, que torna a vida mais próxima da ópera do que da comédia. Nelson e Winnie Mandela viveram uma história de amor intensa e inacreditável. Winnie está longe, mas muito longe mesmo de ser uma santa, ou uma mulher que se deva admirar. Mas é impossível negar a extraordinária vida desta mulher. Casou com Mandela em 1958, contra a vontade do pai. A família de Winnie era rica e possibilitou-lhe o acesso à educação, num país onde as casas de banho eram separadas por cores, mas isso toda a gente já sabe. A primeira assistente social negra a exercer em Joanesburgo viu o marido entrar na clandestinidade em 1961 e ser preso em 1962 até ser libertado em 1990. 28 anos longe da família, 27 anos preso. Portanto Winnie  só viu o marido   duas vezes por ano, durante 27 anos, porque os prisoneiros só tinham direito a meia hora de visita de seis em seis meses.  É óbvio que teve amantes, e mais dois filhos desses amantes. 27  anos é muito tempo, tempo demais e ninguém sabe o que o casal combinou. Quando Mandela saiu, Winnie estava lá, mas já não era a mesma e não podia ser. Acusada de fraude, de roubo e de assassinato, Winnie foi  e era culpada de tudo. Mandela teve de separar-se  da mulher que amava por uma causa maior, o seu país. Fez bem. Mas os laços não se cortaram. Foi Winnie que criticou o partido por mostrarem o ex-marido com ar debilitado. Foi Winnie que criticou as visitas constantes que debilitavam Mandela. Porque para o bem e para o mal, foi Winnie que esteve ao lado de Mandela nos momentos mais decisivos da sua vida. Até ao fim.

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