quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Cristina Anitsirc: uma mulher intensa!




Cristina Anitsirc Miranda é intensa. Foi a primeira coisa que reparei nos cinco minutos de conversa inicial: estava perante uma pessoa intensa. Mais tarde descobri também que Cristina não é apenas uma pessoa intensa, mas é sobretudo uma cidadã resiliente. Disse-me logo no início que é ela que procura sempre pegar na caneta para escrever a história da sua vida e isto não é dizer pouco. Nascida em Braga em 1978 fez o curso de Canto Lírico na Escola Superior de Música de Lisboa e, como tal, é cantora lírica. Ou melhor, é também cantora lírica porque está a nascer dentro dela uma actriz. Cristina não se assume para já como actriz, mas eu assumo que está aqui a nascer uma actriz e daquelas por quem vale a pena ir ao teatro. Mulher bonita, com uns olhos enormes que mostram a sua fome de palco, que é a sua fome de Mundo, mas cuja sensibilidade se revela quando nos confessa que se comove com os momentos de partilha entre os actores em palco e quando consegue criar empatia e cumplicidade com os companheiros de cena. “Estar em palco com uma pessoa que me transmite confiança ao ponto de eu sentir que estou perante uma extensão de mim própria, é orgânico”, torna tudo mais fácil, o público sente isso e “ o público nunca se engana com sensações” afirma peremptoriamente Cristina. Está cansada das teoria “só em Portugal” .Está farta que lhe digam que se fosse para fora era a “voz” .Está farta que lhe digam para emigrar. Diz que todos os nomes reconhecidos por estarem lá fora  antes estiveram cá dentro. E que muitos só saíram porque os empurramos lá para fora e Cristina quer ficar cá dentro, o seu caminho é cá, embora defenda que "é sempre bom ter contacto com outras culturas e outras formas de aprendizagem". Irrita-se quando lhe dizem que não se vai ao teatro, ao cinema ou à dança porque "não há dinheiro" quando há espectáculos de teatro e música de entrada livre . A cultura está aí e está viva. Dizer que não se vai ao teatro porque não se pode, é o mesmo que dizer que não se lê quando existem bibliotecas. E Cristina não pactua com estas teorias. Por isso é resiliente, tal como o teatro e a música são provas constantes de resiliência. Está farta das teorias do sucesso e não gosta do estigma português de que é preciso ir para fora para ter sucesso cá dentro. É uma hipocrisia, não se cansa de repetir Cristina, e nós damos-lhe razão. 
-“Se te dessem dinheiro ilimitado para a Cultura, o que farias com ele?”, lancei a provocação. Cristina não se ficou.
- “Sessões de sensibilização para a arte, nas escolas, nas juntas de freguesia, nas câmaras municipais. Para todas as idades e  para que cada um reconhecesse a importância da Arte para a sua vida.” Porque Cristina também não vive sem ensinar, porque ensinar também é uma forma de partilha. Dá aulas de voz a grupo de professores que formaram por sua própria iniciativa um grupo de canto. São resilientes, como ela. No fim da entrevista confessa-se cada vez mais realizada no teatro. Pergunto-lhe se o canto ficará para trás, se o teatro se chega à frente. Talvez sim, talvez não, quem sabe? Seja o que a vida lhe trouxer, que lhe traga palco. E que nesse palco “ eu seja feliz”. Porque, remata Cristina “ não se pode mudar a nossa crença”.

A nova paixão de Cristina é a peça de teatro “Eu é que sou o primeiro!”, que estreia já dia 31 e que vai estar em cena no Auditório Municipal Lourdes Norberto (Linda-a-Velha), às Sextas e Sábados às 21h30 e aos Domingos às 16h00.Tradução de Eduardo Pedroso ,encenação de Armando Caldas, com João José Castro, Miguel de Almeida, Cristina Miranda, João Pinho e Fernando Tavares Marques.Esta peça, de Israel Horowitz, é uma crítica ao espírito competitivo desenfreado da sociedade americana. Denuncia aquilo que as pessoas são capazes para chegar em primeiro.

Por isso, se gostou da Cristina e quer vê-la em palco vá ao teatro! Posso lhe garantir que vai dar por bem empregue o seu tempo. Para mais informações sobre a peça, contacte :Intervalo - Grupo de Teatro- tel. 214 141 739 . intervaloteatro@gmail.com 



Fotografias de Inês Cerejo. Todos os direitos garantidos. Para contactos profissionais envie email para inezcerejo@gmail.com

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Passatempo! Passatempo!Passatempo!

Olhaaaaa o passatempo!!

Neste blogue acredita-se que é possível construir um Mundo Maravilhoso. Mas para isso, cada um de nós tem de ser único, porque somos muitas coisas, não uma só. Just BE YOU!. Porque no nosso Mundo cabem filhos, maridos, mulheres, trabalho, política e sonhos,muitos sonhos. E já agora moda e livros. E é isso mesmo que estamos a oferecer: um livro Marisas's Beautiful World e um colar BE YOU.
Como participar? É fácil. Colocar um gosto nas páginas
https://www.facebook.com/shop.beyou?fref=ts
https://www.facebook.com/pages/Marisas-Beautiful-World/518287614860972
e escrever uma frase nas páginas acima sobre o que é para vocês um Dia Maravilhoso.  Muita atenção: têm de colocar gosto e a frase nas duas páginas e só podem concorrer com uma frase. A frase mais votada, na soma das duas páginas, ganha o passatempo. Inspirem-se e coloquem os amigos, familiares e vizinhos a votar.

Boa sorte. 1,2,3. Podem começar já!

P-s- O Passatempo dura até ao próximo sábado. 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Morto.

Vai o morto no caixão e todos exclamam " que bem que vai o morto, que roupa tão bonita". O caixão está bem luzidio, as rendas bem bordadas, um branco celestial cobre o morto. Todos olham para o morto com admiração, com apreço. A capela  está cheia de flores e de grandes dignatários e o padre empenha-se numa bonita homilia de elogio ao morto, aos seus esforços, à sua dedicação. O enterro é alegre mas digno, cheio de elogios,  mas conservando-se o  espírito reservado porque afinal é um funeral e o morto vai tão bem. É uma morte que valeu a pena, porque só a morte permitiu a baixa do défice, esse bem necessário. Morreu um país industrial, morreu um país científico, morreram as pequenas lojas, morreram as ideias, o pensamento, a arte  e o design, morreram os jovens e morreram os velhos. Mas que importa? O país morreu mas vai bonito e os dignatários sabem apreciá-lo. Que lindo morto que foi Portugal!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A agenda mais gira de 2014!


O que faltava para juntar às malas, às carteiras, aos porta-cartões e ao livro? Só a agenda para 2014! Já chegaram e podem ser encomendadas personalizadas, ou seja com o vosso nome, a agenda de 2014. Afinal, o nosso mundo precisa de organização! Para saber mais envie um email para filipemarisa@hotmail.com ou por mensagem aqui no blogue.
Bjs

Marisa

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Os bolseiros.

É provável que, quando começarem a ler este texto, tenham sido bombardeados com histórias de bolseiros e da sua vida. E é provável que tenham sentido empatia com as histórias mas tenham ficado na mesma sobre a questão das bolsas. Porque a imprensa não explica  nem o que é uma bolsa nem o que é um bolseiro, ficando no ar aquela ideia de que são aqueles miúdos que continuam a estudar e a viver em casa dos pais. Bem, sim e não. Porque existem bolsas de estudo e bolsas de investigação científica. Confusos? Passo a explicar. Uma bolsa de estudos é dada a alunos carenciados que, devido à sua situação económica e/ou dos pais, recebem por mês um valor que lhes permite pagar as propinas ou uma ajuda para o pagamento das propinas. Essas bolsas são uma ajuda ao estudante, que necessita dessa bolsa para poder concluir o 12º ano, ou a sua licenciatura ou até o seu mestrado. São bolsas pequenas, não passam dos cento e pouco euros por mês e ajudam, apenas ajudam. Até agora, o Estado ainda não mexeu nestas bolsas, embora a papelada para se pedir a bolsa de estudos continue a aumentar. E depois existem as bolsas de investigação científica, que são aquelas bolsas pagas a quem está a fazer um doutoramento, ou pós-doutoramento ou pós-pós- doutoramento. Bem, esta gente na prática não são estudantes. Não, não são. Um exemplo prático. A tese de mestrado de uma aluna (paga pelos pais, suponhamos) levantou a questão de que a enzima x é essencial para combater a leucemia infantil. Então, essa aluna propõe-se a estudar esta enzima na esperança de encontrar uma cura para a leucemia infantil. Pede ao Estado uma bolsa de investigação científica e receberá, por mês, um valor (geralmente, em Portugal, são cerca de 980 euros) e estuda durante quatro anos essa enzima. Mas,  a cada ano, tem de apresentar provas do seu esforço para que lhe renovem a bolsa mais um ano, até completar os quatro. Imagine que a investigação permitiu avançar sobre a doença e agora são precisos testes. A aluna pede então bolsa de pós- doutoramento, para continuar a estudar a aplicação da enzima na vacina . Bem, isto não é um estudo, é um trabalho. Mas não se chama trabalho porque o Estado patrocina estas investigações através de bolsas e não tem capacidade de absorver estes investigadores nos seus laboratórios. Então, cada novo ano estes investigadores concorrem a estas bolsas até que algum laboratório ou empresa exterior os venha buscar e levar todo este saber para outro país. Mas a verdade é, que enquanto há bolsas, os investigadores preferem ficar por cá. Agora quando em 3433 candidatos, o Estado só atribui 308 bolsas, significa que os restantes 3124 bolseiros estão a parar as suas investigações e, muitos deles, irão sair do país. E talvez aquela aluna vá para os EUA onde a sua investigação vai ajudar a produzir a vacina contra a leucemia infantil.É por isso que isto das bolsas é tão revoltante. Porque não  é  apenas uma geração inteira que se perde, é todo um mundo de  saber que desaparece. No fim último, é o futuro que se vai embora.

O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.
Gandhi 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sei que não vou por aí!

Posso estar a ser injusta, posso estar até a ser demagógica. Posso sim. Mas quando me lembro daqueles que votaram de acordo com a imposição partidária na co-adopção e não de acordo com a sua consciência, algo que diz" continua a não ir por aí..."

Cântico negro


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí.


José Régio

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O medo do outro

O medo mete medo, porque o medo é paralisador e provocador. Podemos ter medo de quem nos quer fazer mal, e esse medo é legítimo, ou quase sempre legítimo. E depois há o medo que nos provoca, e esse medo não paralisa porque é um medo reactivo a tudo o que não compreendemos, a tudo o que não catalogamos. Este é o medo que toma o nome de racismo, xenofobia, preconceito. Ontem esse medo voltou à praça democrática portuguesa, quando o partido do governo, depois de ter passado a lei da co-adopção, dá o dito por não dito e propõe um referendo. Se cada vez que uma decisão polémica precisa de referendo, a própria noção de existirem deputados eleitos para tomarem decisões deixa de fazer sentido, sobretudo porque quando as questões são económicas e desastrosas ninguém é chamado à praça pública. E agora, este movimento dos homossexuais católicos , que só existem abertamente porque a sociedade se abriu à diferença, diz-se contra a co-adopção. E eu não percebo  de que é que têm medo. Duas pessoas que gostam uma da outra, tal como os homossexuais católicos gostam por certo, não conseguem amar juntas uma criança? E um casal " normal" de um homem e uma mulher, têm livre passe no amor? Não existem más mães nos casais heterossexuais nem maus pais, pais ausentes, nos casais " normais"? O sexo que temos e fazemos é suficiente para nos catalogar como aceites e responsáveis caso amemos dentro das convenções ou indignos e incapazes se amarmos  quem o coração nos ordena? Eu não creio nisso.
O amor é pessoal  e intransmissível e não depende de sexo, de orientação sexual, de pressupostos da sociedade. O amor de duas meãs pelos seu filhos e de dois pais pelos seu filhos  é tão legítimo quanto os amores “normais”. Porque amor é amor e deve ser só isso que importa. Não os nossos medos irracionais que não conseguem compreender quem é diferente  e não conseguem catalogar o que para nós é desconhecido. Mas quando tema é crianças e o seu direito a ter direitos iguais às outras crianças, o enfoque deve ser o amor e não o medo do que não conhecemos, do que não entendemos, do que não sabemos lidar. E se os homossexuais católicos não conseguem compreender isto, então pouca fé têm estas pessoas no seu próprio ser.
Quando o tema é crianças, só o amor se justifica. Só o amor.

O acolhimento não deve estar ligado a julgamento. Acolhe-se porque se ama, independente do mérito da pessoa."

Bernardino Leers e José Trasferetti in Homossexuais e Ética Cristã

sábado, 11 de janeiro de 2014

A querida,a maravilhosa,a boa da troika.

É uma característica muito nossa: os estrangeiros são melhores em tudo e lá no estrangeiro é que é bom, excepto quando se fala na nossa cozinha e do nosso vinho e do nosso fado e aí somos do melhor. E futebol é bom é cá, que somos os melhores do Mundo. Mas assim para os negócios e para o pensamento é que não, que lá fora é tudo bom, lá fora é que sabem. Já ouvi, como vocês decerto, este discurso muitas vezes em familiares, amigos, gente vária. Mas nunca o tinha ouvido de um ministro, neste caso da ministra das finanças, aquela personagem recta e sonsa que de vez em quando aparece na televisão. É sempre bom quando nós dizemos ao torturador que eles são lindos, magníficos e bons profissionais. Lembra-me o discurso das mulheres agredidas nos anos 60 que " o homem até é bom, a culpa é do vinho, o vinho é que é pior".  O que a nossa triste ministra  disse foi  que o programa é óptimo, o povo é que é do piorio, um horror. Diz a ministra que o programa é um sucesso, travado por um " diálogo de respeito mútuo". No fundo, os chatos são os tais do tribunal Constitucional, mas pronto o programa " é muito exigente e, no final, " as instituições vão estar mais preparadas para lidar com a crise". Não sabemos quais são as instituições, mas suponho que não sejam os hospitais, nem os tribunais, nem a escola pública desmantelada pelo Crato.  E se, apenas se, algo correu mal, é culpa do Sócrates porque quando os meninos do CDS e do PSD foram ter com a Troika não falaram de " medidas, metas orçamentais ou do envelope financeiro". Então falaram sobre o quê? Sobre o bom tempo que faz em Portugal e dos travesseiros da Periquita? Chamaram alguém para pagar as contas mas nem sabiam quais eram, nem quais os juros, nem o tempo que demorava a pagar? Então que foram lá fazer? Já sei: foram  entregar o país de mão beijada porque lá fora é que sabem, lá fora é que são bons. 

Oh gente da minha terra, oh ministra parvinha, sonsinha e lambe botas. Não lhe fazia mal ler as respostas do ministro das finanças grego e saber que o povo grego pode estar vergado, mas não lambe as botas a europeuzitos mandões de segunda. E só para terminar, o eurodeputado que chefia a missão da avaliação da troika, Othmar Karas, afirmou que Portugal foi muito prejudicado por erros da Troika e pela falta de transparência do programa.  É incrível como toda a gente percebeu que isto nos fez tão mal, excepto a ministra, que agradece a " ajuda da task Force da comissão europeia". Pois, obrigadinho pá. Agora vão-se lá embora e levem esta ministra. Afinal ela gosta tanto de vocês e nós gostamos tão pouco dela..

"Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi"


Amália Rodrigues

P.s- Entre aspas estão as citações da ministra ao grupo de eurodeputados que veio avaliar a actuação da troika em Portugal. Tal e qual, sem alterações.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A culpa é feminina



Culpa é um substantivo, feminino, singular. A própria gramática da palavra é esclarecedora: a culpa é feminina. Eva, culpada do pecado do Mundo porque procurou o conhecimento, é a encarnação da culpa feita mulher. E, no islão, a culpa é quase exclusivamente feminina. Se na Igreja católica, as mulheres não têm desejo sexual e devem cobrir-se, resguardar-se, para não acordar o horrível e incontrolável desejo sexual masculino, no islão são as mulheres que têm sete partes de desejo sexual e os homens apenas uma, pelo que devem cobrir-se, resguardar-se, para não atentar contra o desejo sexual dos pobres homens. Ter ou não aqui importa pouco, porque a culpa é feminina e apenas feminina. É sabido que muitos homens não gostam de mulheres, não lhes suportam a voz, quando mais a ideia da sua independência. E as culpam de tudo e lhes ignoram os direitos, como na India onde cada dia se reportam casos de violação assustadores. Mas hoje, no meio de uma notícia que nos parece quase cómica, a Arábia Saudita , o único país do Mundo que tem o nome de uma família , os Saudi, e um dos países com mais dinheiro no Mundo, considera que o aumento do assédio sexual sobre as mulheres de deve a três factores: falta de sentimento religioso ( não sei se das mulheres ou dos homens, mas estou tentada para a primeira hipótese), falta de leis específicas sobre assédio sexual e uso de rímel. Sim, é isso mesmo que estão a ler: uso de rímel. Na Arábia Saudita as mulheres usam sobretudo o Niqab, ou seja são cobertas dos pés à cabeça mas deixam os olhos à vista. Aposto que depois deste estudo o Niqab deixará de ser usado e será obrigatório a burqa que tapa tudo, incluindo os olhos. Mas também aposto que nada resolverá esta hipótese porque a culpa será feminina. Pode não ser através do rímel, mas através do perfume, da forma de andar, de mexer as mãos, mas  uma coisa é certa seja na religião católica, seja na islâmica, seja na India ou em Portugal : a culpa é feminina. Pobres, pobres homens…

Uma mulher é apedrejada pela acção que poderia ter sido praticada por um homem perfeito.
 Carmem Sylvia

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Livro, O livro, O Livro.





Bom dia! Para quem que me escreve que não consegue comprar o livro porque já não está disponível nas livrarias, enviem-me um email para filipemarisa@hotmail.com.Existem ainda alguns exemplares na editora que vos serão enviados directamente. 
O livro reúne alguns dos melhores textos deste blogue e outros inéditos. Está a venda em livrarias por 11 euros e, através da editora por 9,99 com portes de envio incluídos para qualquer ponto do país.

Muitos beijinhos
Marisa



segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Estes cãezinhos precisam de amor!

Bom dia  minha gente. A minha querida amiga Ângela precisa de encontrar uma casinha para os seus lindos cãezinhos.. Procuram-se donos/as que gostem de animais e tenham muito amor para partilhar. Você é um deles? Então envie um email para angelaroussado@gmail.com




São ou não são uma fofura? Vá lá, adopte uma destas crias que precisam de um lar.
Bjs


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Crivelli, ou crónica de uma pequena corrupção entre amigos...

Crivelli é um autor italiano do século XV, que não se enquadra nem na pintura gótica nem na pintura renascentista, sendo um pintor de transição. Os pintores de transição reflectem o mundo em mudança e isso agrada-me. O Museu do Vaticano tem na colecção quadros de Crivelli e a National Gallery de Londres também. Portugal tinha um Crivelli, que em 1968 foi restaurado com o apoio do Estado, dado que o quadro pertencia a uma família. Isto é muito comum. Imaginem que têm um quadro em casa, ou uma outra qualquer peça de muito valor. O Estado não lhes pode retirar a peça, mas pode defender que a peça tem um tal valor simbólico-histórico -artístico, que não pode sair de Portugal. Em 2007, o tipo da TVI, Miguel Pais do Amaral, alguém que não se sabe bem o que faz e tal, compra o quadro e  vende-o em 2001 para França, apesar de ter um parecer negativo da Direcção Geral do Património Cultural sobre a sua venda, proibindo o quadro de sair do território nacional. A decisão final sobre a venda ou não do quadro deveria ser do Ministro da Cultura, que Portugal não tem. Então, a decisão final da venda do quadro foi tomada pelo Secretário de Estado da Cultura, um escritor de nome Francisco José Viegas, que deixa o quadro sair do país apesar dos pareceres contrários da Direcção Geral do Património Cultural e de todos os técnicos envolvidos no caso. Ninguém percebe como isto aconteceu. O antigo secretário de Estado, o tal Viegas, responde desta foram elegante: "Escuso-me de comentar a hipótese de ter €2,9 milhões disponíveis (anos antes, o Estado português não tinha disponibilizado €50,000 para ficar com a arca de Fernando Pessoa que, aliás, é exposta sempre que o proprietário é solicitado). Confesso, também, que gostaria de pedir o NIB de algumas das pessoas que — com a habitual arrogância — ontem tinham redescoberto Crivelli, a fim de custear as obras de restauro dos carrilhões de Mafra (€2M), da torre da Sé de Lisboa, do Convento de Cristo, de S. Bento de Castris, do Forte da Graça, etc. Dinheiro há sempre, suponho."

Bem dinheiro há sempre para BPNS, há sempre para pagar dívidas bancárias, mas não há para comprar o quadro de vez. Mas a questão nem é essa: o Estado não tinha qualquer necessidade de comprar o quadro, apenas teria de NÃO o deixar sair do país. Esta é a questão. Muitos coleccionadores particulares emprestam arte , quadros ou outros objectos para exposições permanentes ou temporárias. Não há qualquer problema. O problema é que as obras de arte não estão todas inventariadas como deveriam estar, porque não há dinheiro para contratar equipas que façam um levantamento das obras de arte que existam nestes pais. E sobretudo, neste caso, não deixar que Miguel Pais do Amaral vendesse a obra para o estrangeiro. Das duas uma: ou ficava com o quadro na sua colecção ou tentava vender  o quadro em Portugal, com prejuízo para o próprio e não para o país. Infelizmente  não temos  Ministro da Cultura  nem secretários da Cultura, mas sim gente  com ideologias perigosas. Este quadro não deveria ter sido vendido para o estrangeiro e nem era preciso que o Estado o comprasse. Bastava que a lei se tivesse cumprido, porque era uma obra protegida pelo Estado Português. Viegas afirma que a lei da protecção não se aplicava a Crivelli porque tinha sido levantada. Está bem. E por quem? Bem, aí   a censura voltou porque o processo sobre esta venda não pode ser consultado.  É estranha, opaca e sobretudo triste toda esta história. Perdeu-se mais uma vez património e ninguém sabe nem porquê, nem como, nem quando.Apenas mais um pequeno negócio entre amigos, mais um pequeno crime para o país. Business as usual…

A corrupção é um crime sem rosto.
Joel Birman

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Urgentemente!

É por isto que eu gosto de poetas. Porque conseguem em poucas estrofes colocar os nossos mil pensamentos da alma. Em 2014 é Urgente:


É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.

Eugénio de Andrade.