sábado, 11 de janeiro de 2014

A querida,a maravilhosa,a boa da troika.

É uma característica muito nossa: os estrangeiros são melhores em tudo e lá no estrangeiro é que é bom, excepto quando se fala na nossa cozinha e do nosso vinho e do nosso fado e aí somos do melhor. E futebol é bom é cá, que somos os melhores do Mundo. Mas assim para os negócios e para o pensamento é que não, que lá fora é tudo bom, lá fora é que sabem. Já ouvi, como vocês decerto, este discurso muitas vezes em familiares, amigos, gente vária. Mas nunca o tinha ouvido de um ministro, neste caso da ministra das finanças, aquela personagem recta e sonsa que de vez em quando aparece na televisão. É sempre bom quando nós dizemos ao torturador que eles são lindos, magníficos e bons profissionais. Lembra-me o discurso das mulheres agredidas nos anos 60 que " o homem até é bom, a culpa é do vinho, o vinho é que é pior".  O que a nossa triste ministra  disse foi  que o programa é óptimo, o povo é que é do piorio, um horror. Diz a ministra que o programa é um sucesso, travado por um " diálogo de respeito mútuo". No fundo, os chatos são os tais do tribunal Constitucional, mas pronto o programa " é muito exigente e, no final, " as instituições vão estar mais preparadas para lidar com a crise". Não sabemos quais são as instituições, mas suponho que não sejam os hospitais, nem os tribunais, nem a escola pública desmantelada pelo Crato.  E se, apenas se, algo correu mal, é culpa do Sócrates porque quando os meninos do CDS e do PSD foram ter com a Troika não falaram de " medidas, metas orçamentais ou do envelope financeiro". Então falaram sobre o quê? Sobre o bom tempo que faz em Portugal e dos travesseiros da Periquita? Chamaram alguém para pagar as contas mas nem sabiam quais eram, nem quais os juros, nem o tempo que demorava a pagar? Então que foram lá fazer? Já sei: foram  entregar o país de mão beijada porque lá fora é que sabem, lá fora é que são bons. 

Oh gente da minha terra, oh ministra parvinha, sonsinha e lambe botas. Não lhe fazia mal ler as respostas do ministro das finanças grego e saber que o povo grego pode estar vergado, mas não lambe as botas a europeuzitos mandões de segunda. E só para terminar, o eurodeputado que chefia a missão da avaliação da troika, Othmar Karas, afirmou que Portugal foi muito prejudicado por erros da Troika e pela falta de transparência do programa.  É incrível como toda a gente percebeu que isto nos fez tão mal, excepto a ministra, que agradece a " ajuda da task Force da comissão europeia". Pois, obrigadinho pá. Agora vão-se lá embora e levem esta ministra. Afinal ela gosta tanto de vocês e nós gostamos tão pouco dela..

"Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi"


Amália Rodrigues

P.s- Entre aspas estão as citações da ministra ao grupo de eurodeputados que veio avaliar a actuação da troika em Portugal. Tal e qual, sem alterações.

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