Cristina Anitsirc
Miranda é intensa. Foi a primeira coisa que reparei nos cinco minutos de
conversa inicial: estava perante uma pessoa intensa. Mais tarde descobri
também que Cristina não é apenas uma pessoa intensa, mas é sobretudo uma cidadã
resiliente. Disse-me logo no início que é ela que procura sempre pegar na
caneta para escrever a história da sua vida e isto não é dizer pouco. Nascida
em Braga em 1978 fez o curso de Canto Lírico na Escola Superior de Música de
Lisboa e, como tal, é cantora lírica. Ou melhor, é também cantora lírica porque
está a nascer dentro dela uma actriz. Cristina não se assume para já como
actriz, mas eu assumo que está aqui a nascer uma actriz e daquelas por quem
vale a pena ir ao teatro. Mulher bonita, com uns olhos enormes que mostram a
sua fome de palco, que é a sua fome de Mundo, mas cuja sensibilidade se
revela quando nos confessa que se comove com os momentos de partilha entre os
actores em palco e quando consegue criar empatia e cumplicidade com os
companheiros de cena. “Estar em palco com uma pessoa que me transmite confiança
ao ponto de eu sentir que estou perante uma extensão de mim própria, é
orgânico”, torna tudo mais fácil, o público sente isso e “ o público nunca se
engana com sensações” afirma peremptoriamente Cristina. Está cansada
das teoria “só em Portugal” .Está farta que lhe digam que se fosse para fora
era a “voz” .Está farta que lhe digam para emigrar. Diz que todos os nomes
reconhecidos por estarem lá fora antes estiveram cá dentro. E que muitos só
saíram porque os empurramos lá para fora e Cristina quer ficar cá dentro, o seu
caminho é cá, embora defenda que "é sempre bom ter contacto com outras
culturas e outras formas de aprendizagem". Irrita-se quando lhe dizem que não se vai ao teatro, ao cinema ou à dança porque "não há dinheiro" quando há espectáculos de teatro e música de entrada livre . A cultura está aí e está viva. Dizer que não se vai ao teatro porque
não se pode, é o mesmo que dizer que não se lê quando existem bibliotecas. E
Cristina não pactua com estas teorias. Por isso é resiliente, tal como o teatro
e a música são provas constantes de resiliência. Está farta das teorias do sucesso
e não gosta do estigma português de que é preciso ir para fora para ter sucesso
cá dentro. É uma hipocrisia, não se cansa de repetir Cristina, e nós damos-lhe
razão.
-“Se te dessem dinheiro ilimitado para a Cultura, o que farias com ele?”, lancei a provocação. Cristina não se ficou.
- “Sessões de sensibilização para a arte, nas escolas, nas juntas de freguesia, nas câmaras municipais. Para todas as idades e para que cada um reconhecesse a importância da Arte para a sua vida.” Porque Cristina também não vive sem ensinar, porque ensinar também é uma forma de partilha. Dá aulas de voz a grupo de professores que formaram por sua própria iniciativa um grupo de canto. São resilientes, como ela. No fim da entrevista confessa-se cada vez mais realizada no teatro. Pergunto-lhe se o canto ficará para trás, se o teatro se chega à frente. Talvez sim, talvez não, quem sabe? Seja o que a vida lhe trouxer, que lhe traga palco. E que nesse palco “ eu seja feliz”. Porque, remata Cristina “ não se pode mudar a nossa crença”.
-“Se te dessem dinheiro ilimitado para a Cultura, o que farias com ele?”, lancei a provocação. Cristina não se ficou.
- “Sessões de sensibilização para a arte, nas escolas, nas juntas de freguesia, nas câmaras municipais. Para todas as idades e para que cada um reconhecesse a importância da Arte para a sua vida.” Porque Cristina também não vive sem ensinar, porque ensinar também é uma forma de partilha. Dá aulas de voz a grupo de professores que formaram por sua própria iniciativa um grupo de canto. São resilientes, como ela. No fim da entrevista confessa-se cada vez mais realizada no teatro. Pergunto-lhe se o canto ficará para trás, se o teatro se chega à frente. Talvez sim, talvez não, quem sabe? Seja o que a vida lhe trouxer, que lhe traga palco. E que nesse palco “ eu seja feliz”. Porque, remata Cristina “ não se pode mudar a nossa crença”.
A nova paixão de Cristina é a peça de teatro “Eu é que sou o
primeiro!”, que estreia já dia 31 e que vai estar em cena no Auditório
Municipal Lourdes Norberto (Linda-a-Velha), às Sextas e Sábados às 21h30 e aos
Domingos às 16h00.Tradução de Eduardo Pedroso ,encenação de Armando Caldas, com João José Castro, Miguel de Almeida, Cristina Miranda, João Pinho e Fernando Tavares Marques.Esta peça, de Israel Horowitz, é uma crítica ao espírito
competitivo desenfreado da sociedade americana. Denuncia aquilo que as pessoas
são capazes para chegar em primeiro.
Por isso, se gostou da Cristina e quer vê-la
em palco vá ao teatro! Posso lhe garantir que vai dar por bem empregue o seu
tempo. Para mais informações sobre a peça, contacte :Intervalo - Grupo de
Teatro- tel. 214 141 739 . intervaloteatro@gmail.com
Fotografias de Inês Cerejo. Todos os direitos garantidos. Para contactos profissionais envie email para inezcerejo@gmail.com
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