segunda-feira, 31 de março de 2014

Por favor, não se abstenha. Vote!

Todos sabemos que a história tem uma grande tendência a repetir-se, mas a verdade é que ninguém esperava que o partido da extrema-direita de Marine Le Pen conquistasse 10 câmaras municipais em França. Podemos conjecturar sobre as razões desta vitória na França. Podem-se apontar razões como o racismo e xenofobia contra os muçulmanos (os Arabs, como lhes chamam os franceses à boca pequena), a crise e a insatisfação social que cresce por toda a França e por toda a Europa. Podemos também reflectir sobre o discurso populista e anti-imigração que leva, curiosamente, a que a comunidade portuguesa vote em Marine le Pen, porque os portugueses não são Arabs e a culpa é dos Arabs. Podemos perceber e debater todas as causas sociais e económicas que levaram a esta vitória. Mas a verdade é que Marine Le Pen só ganhou porque 38% da população se absteve. E este voto de protesto, de desconfiança no sistema político, beneficiou um partido que pouco respeita quer a democracia quer o próprio sistema político.
Dia 25 são as eleições europeias em Portugal. Eu sei que já estamos fartos de políticos, de promessas não cumpridas, de “eles” serem todos iguais. Mas a verdade é que se não votar está a dizer que não se importa que eles sejam todos iguais. E que não se importa que este país e a Europa regresse à idade dos medos, da xenofobia, da culpa dos outros.

Por isso vote. Não se abstenha. Vote em quem quiser, mas vote. Porque senão novas Marine le Pen surgirão em toda a Europa porque nós nos abstivemos. E isso é que não pode ser.

Um boletim de voto tem mais força que um tiro de espingarda.
 Abraham Lincoln


quarta-feira, 26 de março de 2014

Se ela tivesse a minha vida, não fazia isso....

Já aconteceu a qualquer um de nós: num momento de felicidade alguém diz qualquer coisa para nos deitar abaixo. É tão certinho como chover no Inverno e ter dias de sol no Verão. A felicidade alheia é das coisas mais difíceis de suportar, tão difícil que tem de ser exterminada como uma barata numa casa limpa. Mas ninguém sofre mais com a crítica social, muitas vezes envolvida numa piada infeliz ou num comentário despropositado, como as pessoas activas e bem bem-sucedidas.
Tenho uma grande amiga, daquelas pertinho do coração, que trabalha muito e bem e, mesmo assim, sai muito à noite, vai muito ao cinema, ao teatro e, sacrilégios dos sacrilégios, ainda viaja sozinha. Recentemente envolveu-se numa associação e ainda ajuda os outros. Ora bem, estávamos no outro dia a comentar como é que ela consegue, tem tanta energia e tal, e uma de nós diz:" ah é porque não tem filhos. Se tivesse, como eu, não tinha tempo para isso". Curiosamente esta é mesma rapariga que disse que esta minha amiga só fazia o que fazia porque ainda não tinha namorado. E antes disso porque ainda não tinha emprego. Ora agora que tem namorado e emprego, a culpa é dos filhos. Mas quando tiver filhos e continuar a fazer tudo o que faz, a culpa será de quem?
A mesquinhez que nos ocupa a vida não nos permite admirar a vida dos outros. Se eu não faço muitas coisas a mim o devo. Ou porque não quero, ou porque estou cansada, ou porque chove ou porque faz sol, mas só a mim me devo culpar. E irrita-me profundamente quem despreza a vida dos outros só porque não tem tanta capacidade ou vontade de ter a mesma vida. A inveja faz mal a nós e aos outros. Mas não haja dúvida que as pessoas mais activas sofrem mais de inveja  do que todas as outras.
E é pena.

O termómetro do sucesso é apenas a inveja dos descontentes.

Salvador Dalí

domingo, 23 de março de 2014

O melhor contraceptivo de sempre.....

Pais e filhos parem de se preocupar com a gravidez adolescente, com a gravidez adulta, aliás com a gravidez sequer. O nosso governo resolveu o problema. Como ? Decretou que 20 anos de austeridade nos esperam. Sim, leram bem. 20 anos de austeridade nos esperam. Por isso adolescentes de 15 anos, se engravidarem vão continuar sem mesada e sem perspectivas até aos 35. Com o plus de vocês terem filhos tão novos quanto vocês, mas com menos perspectivas ainda. 20 anos. Bem se isto não vos abranda as hormonas, nada o fará. As minhas que já estavam paradas, estagnaram. Pelo menos mais 20 anos…


Just love Passos Coelho & Friends….

segunda-feira, 17 de março de 2014

Quem é você?

É um tema  constante neste blogue mas a verdade é que não consigo ter uma resposta simples para a pergunta “então quem é e o que faz?”. Nunca sei o que responder. O meu nome ainda sei, o que faço também mas definir-me desta maneira e sempre da mesma maneira parece-me tão redutor e limitado. Um dia gostava que alguém me perguntasse apenas ” quem é você?”. E aí eu poderia responder que sou tantas coisas quanto a minha imaginação. E que sou menos do que uma vida permite de tão curta que é. E que nesta vida cabem tantos gostos diferentes quanto gelados e relatórios de política. E que não gosto nada de gente racista nem que influenciem para coisas que não quero. E que quero mudar o Mundo, não o meu Mundo mas o Mundo mesmo. E que no meio disto tudo as pessoas que valem a pena continuem a aparecer na minha vida. Você é uma delas?

Quem é você?


É que "quem sou eu?" provoca necessidade. É como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.

Clarisse Lispector.

terça-feira, 11 de março de 2014

A música da minha vida.

Não tenho essas coisas do melhor filme, da melhor amiga, do livro que mais me marcou. A lista das coisas de que gostamos vai sempre  se actualizando ao ritmo das coisas que passam por nós, que mais não são que o ritmo da própria vida, vivida a vários tempos. O que me emocionou ontem não será o mesmo que me emocionará amanhã, e este simples facto é tão certo como respirar ou andar. Claro que alguns livros permanecem sempre na nossa memória, tal como as memórias das pessoas que nos marcaram e as próprias pessoas que gostamos. Dizia Virgílio Ferreira que enquanto a memória perdurar nós existimos sempre para outro alguém e essa é uma verdade que não podemos negar.

Mas estranhamente, e eu não sou de acreditar em misticismos, sempre que alguma acontecimento define a minha vida, entro no carro e a mesma música surge. Confesso que já me arrepia, não a frequência com que ouço a música porque tal não ocorre, mas porque quando esta música me aparece na telefonia do carro o momento de onde vim é marcante. E o raio da música toca sempre. Foi a música que tocou quando entrei na Universidade de Évora, foi a música que tocou quando a abandonei para sempre, foi a música que tocou no dia da operação do meu pai, foi a música que tocou neste domingo depois de uma reunião diferente e produtiva. E foi a música que tocou quando me despedi da minha casa e mudei para outra.  Se isto não é premonitório, então não sei o que é. Se há uma música que é a música da minha vida só pode ser esta porque se entranhou e não quer sair. E qual é a música? Bem, mais premonitória não podia ser: O Primeiro dia, do Sérgio Godinho.


Porque este é o primeiro dia do resto da minha vida?

https://www.youtube.com/watch?v=Aj7rPPMiDSo&list=RDAj7rPPMiDSo

segunda-feira, 3 de março de 2014

O Meu Carnaval, de ontem, de hoje, de sempre.

Quando eu era pequena, adorava o Carnaval. Lembro-me de ir vestida de fada, de princesa, de polvo e geralmente o fato usado no Carnaval era o mesmo da festa do Ballet. Não gostava das bombas de mau-cheiro, nem da água, nem das partidas, o que eu gostava mesmo era de andar mascarada, pintada, completamente enfeitada. Na adolescência, o grupo de gente da minha idade da minha aldeia mascarava-se sempre e escolhíamos com tempo ao que íamos mascarados. E no dia certo, entrávamos no baile mascarados e ritmados, e sobretudo felizes. Fomos de Minnie, de ciganos e de tantas outras coisas que a imaginação permitia, mas o que me recordo com mais felicidade foi termos ido de tenistas.Não sei porquê, mas estava especialmente contente nesse dia. Já adulta, o Carnaval de Torres era a minha perdição e ainda hoje continua a ser. O que eu gosto mesmo é daquela sensação de andarmos na rua com fatos de Carnaval, de ver os homens vestidos de mulher cheios de dor de pés ( uma pequena vingança, mas sabe tão bem) e de muitas serpentinas no ar e muita dança nas pernas. Só há pouco tempo me apercebi que muita gente não gosta de Carnaval. Que não tem estas memórias, esta vontade de ser outra pessoa por um dia ou vários. E percebi que ter crescido numa pequena aldeia que tanto gosta de Carnaval foi uma benção para a minha vida. Não há época que eu mais goste, não há mesmo. E este ano o Tiago e eu colámo-nos aos miudos e lá fomos feitos jovens que somos para o Carnaval de Torres. E valeu tanto a pena que a vida são dois dias mas o Carnaval são três!

O Grupo: 3 piratas, uma matrafona tão feia e dois esqueletos/as ( de lábios pretos). Chovia, estava frio e estava-se lá tão bem!

As matrafonas João Morais ( à esquerda), os meus pais e Tiago Vinagre ( à direita).

VIVA O CARNAVAL!!!!!