terça-feira, 8 de abril de 2014

Mães, amigas e cúmplices: uma desgraça iminente!

Tenho-me vindo a aperceber, de dia para dia, como as relações entre mães e filhas são disfuncionais. Cada relação entre mãe e filha é uma relação única e independente, mas existem mães que fazem das filhas as suas confidentes e filhas que fazem das mães a sua melhor amiga. Talvez eu esteja a ser demasiado rígida nisto, mas as mães que se intrometem na vida das filhas são pequenas ditadoras que não conseguem largar o poder quando a cria quer voar. Mães que se metem no casamento, na arrumação da casa, que ditam regras sobre onde se pode ir ou não ir, com quem estar e até tomam as dores das filhas e intervêm, são sempre o gatilho da desgraça. Porque são o terceiro elemento do casamento, das amizades, dos empregos. E as filhas que lhes continuam a obedecer (quantas conheço que até prestam contas da casa à mãe, apesar da mãe não colocar um cêntimo na gestão familiar) serão mais tarde ditadoras à espera da sua oportunidade. Mãe é mãe porque deve estar lá quando requisitada. Mas mãe é também saber dizer que não quer saber sobre isso e que não pode ajudar a tomar uma decisão conjugal. E ser filha também é difícil porque implica saber quebrar regras, dizer não, não prestar contas.
Das relações confidentes entre mãe e filha saem quase sempre regras permanentes. Quando ouço dizer que “ a minha mãe é a minha melhor amiga” até tremo. Porque amiga é uma coisa, mãe é outra. Claro que conto coisas à minha mãe sobre a minha vida. Mas outras só conto às minha amigas. Não me sentiria muito à vontade para contar “ ontem apanhei uma bebedeira enorme. Nem para referir aspectos mais íntimos. E, para ser franca, também não os quero ouvir!

Criar gente independente é difícil. Gente que cresce, que erra e que não dá satisfações deve ser difícil para uma mãe. Mas o princípio do amor é deixar voar, independentemente da direcção. Isso é ser mãe. E quebrar barreiras e dizer não também é difícil. Isso é ser filha. Tudo o mais é apenas uma enorme confusão…


“Ser mãe não é uma profissão; não é nem mesmo um dever: é apenas um direito entre tantos outros."


Oriana Fallaci.

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