O acto de
odiar alguém é poderoso. O amor e o ódio caminham lado e lado e se o facto dedicarmos
uma parte da nossa vida ao acto de amar já é extraordinário, maior ainda se
torna quando alguém se dedica ao acto de odiar. O ódio consome tempo, o ódio
implica trabalho e o ódio tem de ser alimentado da mesma forma que o amor:
permanentemente, insistentemente, compulsivamente. O facto de alguém nos odiar
é profundamente transformador. Significa compreender o impacto que a nossa
presença acarreta e aceitar a importância que todo o nosso ser representa para
alguém. A única diferença entre o amor e o ódio é que devemos respeitar quem
nos ama, mas podemos simplesmente ignorar ou subestimar quem nos odeia, porque
nada alimenta mais o ódio que a apatia.
Francamente,
não consigo odiar ninguém. Não gosto de muita gente, mas odiar é não gostar de
todo e dedicarmos toda a nossa atenção e as nossas energias a esse acto, o acto
de odiar. Recentemente descobri que me odiavam, mas a sério a sério, o que eu
acho lisonjeador. Porque darem-se ao trabalho que dedicar tanta energia à minha
pessoa é uma lisonja e não estou a ser minimamente irónica. Porque a verdade é
que não há nada pior que sermos ignorados. Ser odiado é revelador que a nossa
atitude importa, que o nosso ser incomoda. E isso é extraordinário.
A qualidade do ódio é que é fraquinha, os
boatos são apalermados, mas há que reconhecer a vontade de praticar o ódio. Podem
e devem continuar. Apenas não consigo odiar quem me odeia porque não lhes reconheço
qualidades intelectuais para tal. Mas aceito o elogio e agradeço-o. Gosto que
gostem de mim, mas confesso que me odiarem tem outro sabor, um ne sais quoi que me agrada ainda mais….
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