quarta-feira, 14 de maio de 2014

O Ódio.

O acto de odiar alguém é poderoso. O amor e o ódio caminham lado e lado e se o facto dedicarmos uma parte da nossa vida ao acto de amar já é extraordinário, maior ainda se torna quando alguém se dedica ao acto de odiar. O ódio consome tempo, o ódio implica trabalho e o ódio tem de ser alimentado da mesma forma que o amor: permanentemente, insistentemente, compulsivamente. O facto de alguém nos odiar é profundamente transformador. Significa compreender o impacto que a nossa presença acarreta e aceitar a importância que todo o nosso ser representa para alguém. A única diferença entre o amor e o ódio é que devemos respeitar quem nos ama, mas podemos simplesmente ignorar ou subestimar quem nos odeia, porque nada alimenta mais o ódio que a apatia.

Francamente, não consigo odiar ninguém. Não gosto de muita gente, mas odiar é não gostar de todo e dedicarmos toda a nossa atenção e as nossas energias a esse acto, o acto de odiar. Recentemente descobri que me odiavam, mas a sério a sério, o que eu acho lisonjeador. Porque darem-se ao trabalho que dedicar tanta energia à minha pessoa é uma lisonja e não estou a ser minimamente irónica. Porque a verdade é que não há nada pior que sermos ignorados. Ser odiado é revelador que a nossa atitude importa, que o nosso ser incomoda. E isso é extraordinário.

A qualidade do ódio é que é fraquinha, os boatos são apalermados, mas há que reconhecer a vontade de praticar o ódio. Podem e devem continuar. Apenas não consigo odiar quem me odeia porque não lhes reconheço qualidades intelectuais para tal. Mas aceito o elogio e agradeço-o. Gosto que gostem de mim, mas confesso que me odiarem tem outro sabor, um ne sais quoi que me agrada ainda mais….


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