Joguei este jogo demasiadas vezes: perguntei a alguém se
tinha namorado e se ia casar, sobre filhos e até fingi ter paciência para eventos sociais
para os quais nunca tive. E também respondi às mesmas perguntas, e também dei
as respostas socialmente correctas. Isto chama-se educação e por isso não me
arrependo. Mas existem limites para as perguntas e para a decência. Detesto que
me perguntem se este ou aquele amigo é gay. Ainda detesto mais que me
contem histórias sobre essas pessoas baseadas em boatinhos, boateiros e
parvoíces. Por isso vou ser clara: tanto me dá com quem os meus amigos dormem.
Mas mesmo, não é aquele discurso bacoco do “ eu respeito, eu aceito e tal”. Não
me interessa, não lhes pergunto e sobretudo não vos dou essas respostas. Interessa-me
se os meus amigos são felizes. Como está o emprego. As pequenas histórias que
nos fazem rir.Mas terem comigo conversas emocionais sobre a
sexualidade dos outros é algo que eu não admito. Por isso não me perguntem nada
porque nestes assuntos vou deixar de ser educada: metam-se na vossa vida e na vossa
cama. E deixem-me em paz!
terça-feira, 23 de setembro de 2014
terça-feira, 2 de setembro de 2014
A memória que se inventa
A evocação de tempos passados sempre me agradou. Talvez por
tentar entender o que se passou antes da minha existência, me tenha levado a
seguir História e a procurar nos que me antecederam respostas para o meu
presente. Se penso que isto é errado e aquilo é certo é porque os me
antecederam me deram uma cultura e uma visão do mundo que me moldou e molda.
Ninguém nasce livre e inocente, nascemos dentro de uma sociedade e de sua visão.
Mas nunca me senti confortável com a evocação do meu próprio
passado e nunca dele tive saudades. Não porque a minha vida não tenha sido boa
(foi) mas porque eu acredito que o melhor está sempre para vir e a felicidade
está sempre no que iremos fazer. Não significa isto que não me lembre com
saudades dos que já partiram ou que não recorde com carinho todos os bons
momentos que partilhei com tantas pessoas. Mas transformar esses momentos no
momento áureo da nossa vida, no pico máximo da felicidade que já passou e nunca
mais podemos voltar a ter, é viver de memórias e perder o futuro. Até porque
tantas vezes nos esquecemos que esses momentos bons também foram antecedidos de
coisas más ou nem sequer foram assim grande coisa. E quando vejo nas redes
sociais uma foto do passado e alguém a comentar “ saudades ou momentos únicos”
não deixo de pensar se os momentos foram assim tão bons e se as saudades não podem ser colmatadas com
um café, um almoço ou apenas um telefonema. Porque é tão prático evocar o
passado mas não fazer um esforço para estar no presente. Uma foto é bonita mas
nada substitui a presença física, o beijo e o abraço. Nada.
E entre um like no
face ou um beijinho em mim, eu escolho o presente. Venham beijos e abraços.
Venha o presente e o futuro.Venham novas memórias, novos amigos, novos
momentos sempre e sempre e sempre.
"Vivo sempre no
presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho."
Fernando Pessoa, Livro
do Desassossego.
Subscrever:
Mensagens (Atom)