E ontem fui ao Doc Lisboa, bem acompanhada pela minha amiga Inês
Cerejo. Naqueles acasos de destino que nos acontecem vezes sem conta, os
bilhetes que eu comprei não eram para a sessão certa. Queríamos ir ver outros
filmes, mas demos por nós a assistir o documentário sobre Abkházia, esse país que é pais só para alguns , mas
nem existe para grande parte do mundo.A Abkházia fazia parte da federação Russa
mas com o fim da grande mãe soviética a Abkházia ficou a pertencer à Georgia e,
como é óbvio, a coisa não correu bem e deu em guerra em 1992. A guerra intermitente
durou até ao reconhecimento do parte da
Russia da independência da Abkázia em 2008 e respectivo acordo de protecção da
Abkázia ( a Russia intervém sempre que o território for atacado). Não vos conto
mais porque o documentário vale muito a
pena assistir. E tal como os bons filmes, os bons documentários ficam a pairar
na minha cabeça e instigam-me muitas perguntas. A mais importante delas é: o
que é um país? Um país é a sua gente? O seu território? A sua cultura? O que
define um país, como diferenciamos um país de uma região? E porque queremos nós
um país?
Os portugueses dedicam a maior parte do seu tempo a dizer mal de Portugal
mas saltam e abespinham-se de cada vez que um estrangeiro diz mal do nosso
país. Um país é então um sentimento de pertença? E somos nós que lhe
pertencemos ou é o país que nos pertence? Muitas perguntas, poucas respostas.Eu sou portuguesa antes de ser europeia, mas sou gente antes de ser
portuguesa. Mas tenho um país, não sou órfã de território. Por isso eu não sei
o que é um país, mas o melhor é que eu não sei o que é não ter um país. E isto
que nos parece tão pouco, afinal é muito.
Para saber mais sobre este filme “ Letters to Max”, consulte o link abaixo
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