sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Bem vindos a Abkházia

E ontem fui ao Doc Lisboa, bem acompanhada pela minha amiga Inês Cerejo. Naqueles acasos de destino que nos acontecem vezes sem conta, os bilhetes que eu comprei não eram para a sessão certa. Queríamos ir ver outros filmes, mas demos por nós a assistir o documentário  sobre Abkházia, esse país que é pais só para alguns , mas nem existe para grande parte do mundo.A Abkházia fazia parte da federação Russa mas com o fim da grande mãe soviética a Abkházia ficou a pertencer à Georgia e, como é óbvio, a coisa não correu bem e deu em guerra em 1992. A guerra intermitente  durou até ao reconhecimento do parte da Russia da independência da Abkázia em 2008 e respectivo acordo de protecção da Abkázia ( a Russia intervém sempre que o território for atacado). Não vos conto mais  porque o documentário vale muito a pena assistir. E tal como os bons filmes, os bons documentários ficam a pairar na minha cabeça e instigam-me muitas perguntas. A mais importante delas é: o que é um país? Um país é a sua gente? O seu território? A sua cultura? O que define um país, como diferenciamos um país de uma região? E porque queremos nós um país? 
 
Os portugueses dedicam a maior parte do seu tempo a dizer mal de Portugal mas saltam e abespinham-se de cada vez que um estrangeiro diz mal do nosso país. Um país é então um sentimento de pertença? E somos nós que lhe pertencemos ou é o país que nos pertence? Muitas perguntas, poucas respostas.Eu sou portuguesa antes de ser europeia, mas sou gente antes de ser portuguesa. Mas tenho um país, não sou órfã de território. Por isso eu não sei o que é um país, mas o melhor é que eu não sei o que é não ter um país. E isto que nos parece tão pouco, afinal é muito.



Para saber mais sobre este filme “ Letters to Max”, consulte o link abaixo

http://doclisboa.org/2014/filmes/letters-to-max/

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