segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Não quero mais missas!


Não gosto nada de ir à missa. Cada vez que tenho a infeliz ideia de fazer mais um esforço, ou porque é um casamento ou um baptizado, arrependo-me sempre de ter feito este esforço. Não ouço na missa nem a palavra de Deus nem a palavra de Jesus. Só ouço um sermão sempre impregnado de moralismos, frases feitas e ideias já muito batidas. A mais batida de todas é aquela de que devemos " trabalhar " o casamento, não desistir do casamento. Aparentemente inócua, eu pergunto-me se quem professa o sermão sabe a história de cada casal e as suas razões para se separarem. Ou qual é o drama de uma separação se isso os faz mais felizes, mais completos. Jesus não disse grandes coisas sobre o casamento e não foi porque não teve tempo. Foi porque outros valores se levantaram como o respeito pelos direitos humanos, a salvação dos oprimidos ou a convicção de que somos todos iguais. Jesus não foi ao templo dar uma palestra sobre trabalhar o casamento, foi sim acusar os donos da verdade de que a sua verdade não era assim tão verdadeira. Eu questiono-me se quem dá a palestra na Igreja sobre “trabalhar” o casamento pensa nas 40 mulheres assassinadas este ano. Será que não trabalharam o casamento? Será que não foram o espelho do outro? Será que não "ouviram", "sentiram" ou "apoiaram" o outro o suficiente? Estas ideias aparentemente inócuas fazem muito mal a uma sociedade que se quer livre, feliz, preenchida. E se cada uma daquelas 40 mulheres não se tivesse sentido compelida a aceitar aquelas relações um dia mais, se não se sentissem culpadas por não estarem à altura, se a sociedade e a Igreja lhes tivesse dito VAI, sai, estamos aqui para te acolher, talvez algumas delas ainda estivessem vivas.

Com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.

Jesus Cristo

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