segunda-feira, 16 de março de 2015

A tia Albertina



Hoje a família enterrou a tia Albertina. Calma, antes de toda a gente me mandar os sentimentos, devo anunciar que era uma morte esperada. A senhora tinha Alzheimer e já ansiávamos pelo fim do seu sofrimento há algum tempo. Mas esta minha tia era qualquer coisa. Sempre independente, casou com um homem mais novo (que escândalo), divorciou-se (que escândalo) e subsistia financeiramente sozinha e bem  (que escândalo). Fumou até ao fim da sua vida lúcida e fumou  mesmo muito mas bebeu ainda mais. Uma das suas histórias célebres é a ida ao médico já com alguma idade e a recomendação do clínico para que deixasse de fumar e de beber também. Esta minha tia-avó respondeu ao médico que já não fodia (mesmo assim, sem ***) e se não podia beber nem fumar, então qual era o interesse de tratar a doença. Esta senhora acabou a vida de forma triste mas viveu a vida de forma alegre. E nunca foi, nem um segundo, moralista. Ora num país povoado de moralistas, de gente que acusa os outros rapidamente e vive de fachada, a minha tia-avó era uma lufada de ar fresco. Se estiver no céu já está a fumar o seu cigarro e beber um copo de whisky. Mas o mais provável é que vá para o inferno onde já deu cabo de dois maços e a garrafa de whisky vá a meio.

à memória da tia Albertina.

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